Escolas públicas não têm protocolo unificado para enfrentar a quarta onda de Covid-19

As matérias da seção Atividade Parlamentar são de inteira responsabilidade dos parlamentares e de suas assessorias de imprensa. São devidamente assinadas e não refletem, necessariamente, a opinião institucional da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
13/06/2022 16:16 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi

Compartilhar:


Na audiência pública virtual realizada em 9/6 para abordar a contaminação de Covid nas escolas públicas paulistas, Carlos Giannazi (PSOL) leu um ato administrativo interno do Tribunal de Contas do Estado no qual fica estabelecido, para o ingresso nas dependências daquele órgão, a obrigatoriedade do uso de máscara e o comprovante de vacinação completa. Como exceção, neste último caso, pode ser apresentado relatório médico que justifique o óbice à imunização ou o resultado negativo de teste para a Covid-19.

"Eles estão sendo rigorosos, tomando providências para proteger os conselheiros e os funcionários do TCE, e estão certos. Agora esse mesmo Tribunal de Contas tem de defender todas essas medidas para as nossas escolas e todos os órgãos públicos de São Paulo", ponderou o deputado.

Conforme o relato de diversos professores da rede estadual e de redes municipais, não existe um protocolo a ser seguido nem mesmo quando há casos confirmados de Covid na comunidade escolar. Uma escola com cinco casos foi orientada a fechar por duas semanas; outra, com 14 casos, a permanecer aberta. Segundo o professor Marcos Rubens, da EE Ubaldo Costa Leite, na Vila Brasilândia - que está com Covid -, isso acontece porque as decisões são tomadas de forma descentralizada, em conjunto entre a diretoria de ensino e unidade básica de saúde ou de vigilância sanitária de cada região. Para ele, deveria haver testagem em massa em todas as escolas.

Sequelas

A médica Rosilene Menezes, do Hospital do Servidor Público Municipal, chamou a atenção para as sequelas deixadas pela Covid, mesmo quando os sintomas são leves, semelhantes aos de uma gripe. "Um estudo recente comprova que a Covid longa causa maior incidência de hipertensão arterial e diabetes. Além disso, há uma contaminação da parte cardíaca", explicou.

Rosilene também repudiou o "fim da pandemia por decreto", com a desobrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados. Isso porque qualquer gestor de saúde sabe que, no inverno, aumenta a incidência de doenças respiratórias. E isso está se refletindo na taxa de ocupação das UTIs, que há quatro semanas era de 25%, há duas semanas era de 50% e atualmente está em 75%. "Não podemos contar só com a vacina. Temos de tomar outras medidas."

Fernanda Machado é membro do conselho da Emef Paulo Gonçalo, no CEU Alvarenga, em Pedreira. Ela não entende a lógica de aquela escola, que teve casos confirmados de Covid no período da tarde, ter fechado apenas aquele turno e mantido aberto o da manhã. "Eu tenho filhos nos dois períodos, e só minha filha foi afastada. Se ela estiver contaminada, vai contaminar os irmãos, que vão para a escola contaminar os colegas", presumiu.

A supervisora de ensino Luciene Cavalcante acusou o poder público de até hoje não ter divulgado o número de mortos e contaminados durante os dois primeiros anos da pandemia com relação à educação. "Também neste ano não temos uma política de transparência para podermos pensar, debater, acompanhar e fiscalizar como as políticas públicas vêm se desenvolvendo. Esses dados são mantidos em sigilo. Isso é uma ação criminosa, anticientífica, autoritária e que precisa ser enfrentada", argumentou.

Carlos Giannazi e o vereador Celso Giannazi (PSOL), além de reforçarem com novos dados as representações já feitas junto ao Ministério Público e à Defensoria Pública de São Paulo, vão apresentar requerimentos de convocação às comissões de Educação e de Saúde das duas casas legislativas com o objetivo de inquirir os respectivos secretários sobre o tema e exigir a adoção de medidas protetivas.

alesp