Audiência pública debate redução da crueldade contra animais na produção de leite e ovos

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19/05/2022 12:02 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi

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Defensores da causa animal ocupam o plenário Tiradentes da Alesp<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2022/fg287000.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Para a indústria da pecuária leiteira, o nascimento de cada bezerro macho significa prejuízo. Para o bezerro, entretanto, representa algo muito pior. Ter nascido macho significa que ele não será alimentado e terá uma morte prematura e dolorosa, por meios como asfixia, golpe no crânio, sangramento e até mesmo inanição. Na avicultura de postura ocorre o mesmo com os pintinhos machos, mas, como o número de espécimes é expressivamente maior, seu destino é serem encaminhados, vivos, a uma máquina trituradora. Quando dão sorte são sufocados.

Para evitar todo esse sofrimento desnecessário de animais sencientes, Carlos Giannazi (PSOL), a pedido de entidades como a Animal Equality, o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, a Sinergia Animal e a Mercy for Animals, apresentou na Alesp os Projetos de Lei 256 e 365/2021, que proíbem, respectivamente, o sacrifício de pintinhos e bezerros machos.

Conforme explicou a veterinária especialista em bem-estar animal Vânia Plaza Nunes, durante a audiência pública realizada na Alesp em 12/5, já no ano de 2019, França e Alemanha fizeram um acordo, no âmbito da União Europeia, para que os dois países desenvolvessem as tecnologias necessárias para evitar o descarte de bezerros e pintinhos. E, a partir de janeiro deste ano, tal prática se tornou proibida.

Vânia explicou que a adoção das novas formas de produção não significam obrigatoriamente maiores custos. Ao contrário. Com a produção em escala, as tecnologias usadas tendem a se baratear, e, no final das contas estará sendo eliminado um desperdício.

Representando a Animal Equality Brasil, Carla Lettieri fez uma breve explanação das tecnologias disponíveis no mercado. Ela ensinou que o sexo dos pintinhos não é determinado no momento da fecundação, como acontece com os humanos, mas sim como decorrência de algumas condições ambientais que podem ser alteradas, como temperatura, ondas sonoras etc. Assim, há formas de se reduzir o número de ovos com embriões machos. Outras tecnologias permitem identificar o sexo desses embriões, mas, nesse caso, o importante é que isso seja feito até o sexto dia após a fecundação, momento em que - e há consenso dos cientistas quanto a isso - as terminações nervosas ainda não estão completamente desenvolvidas, e o embrião é incapaz de sentir dor. Anualmente, são descartados 84 milhões de pintinhos machos descartados pela indústria brasileira.

O número de bezerros machos mortos logo após o nascimento também é assustador. São 8 milhões por ano no Brasil, sendo 600 mil no Estado de São Paulo, conforme afirmou a diretora da ONG Sinergia Animal, a zootecnista Fernanda Vieira. Para ela, o uso de sêmen sexado, além de pôr fim a essa desumanidade, representaria um ganho econômico aos pecuaristas.

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