Núcleo da Unifesp de atendimento auditivo vai perder ambulatório

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20/05/2022 14:00 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi

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Fonoaudiólogos lutam pela preservação do Núcleo Integrado de Assistência Pesquisa e Ensino em Audição<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2022/fg287099.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Desde 2004, quando o governo Lula instituiu a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mantém o Núcleo Integrado de Assistência, Pesquisa e Ensino em Audição (Niapea), oferecendo gratuitamente aparelhos auditivos a pacientes do SUS.

O primeiro imóvel alugado pela universidade para sediar o núcleo não se mostrou adequado à finalidade, principalmente por não proporcionar acessibilidade. Por isso, em 2007, as atividades passaram a ser realizadas no atual imóvel (rua Botucatu, 802), também alugado, mas que foi totalmente reformado e equipado com verbas do CNPq, Capes, Fapesp e doações privadas.

O problema é que agora a reitoria da Unifesp, para cortar custos, decidiu entregar o imóvel e rearranjar os espaços, agrupando em um andar no Edifício dos Médicos (na rua Borges Lagoa, 783 - Vila Clementino) o Niapea e os ambulatórios de Linguagem e de Audiologia.

A atitude do reitor foi repudiada em audiência pública realizada na Alesp em 17/5, com apoio de Carlos Giannazi (PSOL). Conforme explicou a professora Maria Cecília, pela natureza dos equipamentos - cabines e salas acústicas - seria inviável a sua remoção e reinstalação. Ou seria muito oneroso, na prática tudo reconstruído, ou o resultado seria insatisfatório, "sem calibração". A docente também afirmou que o espaço oferecido, de apenas duas cabines, seria insuficiente para a manutenção do atendimento, do ensino - que vai da graduação ao doutorado - e das atividades de pesquisa.

Ezio Magalhães, coordenador do centro acadêmico, destacou que as áreas de Linguagem e Audiologia também sofrerão com a perda de espaço. Ele citou que o Ambulatório de Linguagem estará comprometido em avaliações e terapias que incluam provas motoras, por exemplo. Como a Audiologia e o Niapea vão trabalhar em conjunto, na metade de um andar, ele prevê um represamento ainda maior de pacientes à espera de um aparelho auditivo, ainda que o governo do Estado volte a cumprir sua parte no convênio, entregando regularmente 200 aparelhos auditivos por mês. Atualmente, há 2 mil pessoas na fila de espera.

Palmira Oliveira relatou que há 26 anos sua filha Maiara, de 10 meses de idade, iniciou um tratamento com a professora Maria Cecília, no Hospital São Paulo (HSP). "Quando o Niapea surgiu, ela foi convidada a participar e sempre foi muito bem atendida, com doação de aparelhos, com assistência a cada seis meses ou a cada ano, sempre com todos os exames, todos os tratamentos necessários. Há quatro anos também acompanho meu pai no Niapea, que recebeu aparelho e é sempre muito bem atendido", afirmou Palmira, que teme pelo desmonte do serviço.

Posteriormente, a própria Maiara, filha de Palmira, fez um relato comovente, de gratidão por ter tido a oportunidade de ouvir e de falar. Mas também de tristeza por tantas pessoas que estão perdendo a chance de ouvir o mais cedo possível.

Diversos docentes, estudantes e representantes de entidades de classe participaram do encontro, que denunciou também algumas universidades privadas que mantêm o ensino de fonoaudiologia 100% online, quando deveria ser totalmente presencial. "Os conselhos profissionais não têm ação direta em relação aos cursos", lamentou Sílvia Tavares, presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia.

Como o HSP é gerido pela organização social SPDM, e esta recebe recursos estaduais, Carlos Giannazi vai apresentar um requerimento de convocação para que seus representantes expliquem à Comissão de Saúde da Alesp esse desmonte no serviço de fonoaudiologia. Além disso, ele vai acionar o Ministério Público federal, órgão competente para atuar no caso. "É importante que o MP compre essa briga no sentido de proteger o Niapea e impedir esse despejo", concluiu.

alesp