Carteirinha da Merenda é inútil e pode esconder favorecimento a empresas privadas

As matérias da seção Atividade Parlamentar são de inteira responsabilidade dos parlamentares e de suas assessorias de imprensa. São devidamente assinadas e não refletem, necessariamente, a opinião institucional da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
29/04/2022 11:38 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi

Compartilhar:


Carlos Giannazi (PSOL) vai requerer à Comissão de Educação da Alesp a convocação da secretária Renilda Peres de Lima, que assumiu o posto após a renúncia de Rossieli. Ela deverá explicar qual poderia ser a vantagem trazida por um novo sistema de distribuição de merenda que requeira a apresentação de uma carteirinha específica, com QR Code.

"Tenho recebido diversas denúncias de diretores de escola que, com razão, estão indignados com essa novidade totalmente desnecessária. As escola já não têm funcionários suficientes, em especial no quadro de apoio, e agora vão ter de ter designar alguém para fiscalizar a apresentação dessa carteirinha", relatou o parlamentar, que vê na introdução do dispositivo ou interesse das empresas fornecedoras de merenda, para que reduzam a quantidade ofertada e aumentem seus lucros, ou ainda o favorecimento de alguma outra empresa, que confeccionará as carteirinhas e desenvolverá o software. "Só algum interesse escuso pode explicar a introdução desse controle completamente inútil", disse Giannazi, que já foi diretor da rede estadual e é diretor licenciado da rede municipal de São Paulo.

Em 2017, no ano em que Doria foi prefeito, uma escola municipal foi denunciada porque a empresa fornecedora de merenda estava marcando as mãos dos alunos com pincel atômico quando eles eram servidos. A marca servia para impedir que eles repetissem alimentos como bebida láctea e bolachas. Controles daquele tipo, humilhantes e vexatórios, podem voltar a ser exercidos, agora de modo eletrônico, e continuarão sem ter a menor relevância em relação à lisura no uso dos recursos públicos.

"Nós já tivemos o ladrão da merenda no Estado de São Paulo. Foi um escândalo nacional. E para que a CPI fosse instalada, teve de haver uma ocupação da Assembleia Legislativa. Os estudantes ficaram dentro do Plenário durante uma semana. Agora nós voltamos a ver estranhos interesses por detrás do fornecimento de merenda escolar, e vamos investigar, junto com o Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado", afirmou Giannazi.

alesp