Toda a realidade tem para Mirian Tatsumi uma voz, uma alma que desperta sob os estímulos do nosso intelecto e nos torna participantes de uma íntima verdade biológica: observando o "itinerário de uma flor" poderemos compreender melhor sua íntima busca romântica. Através dos meios que a Oshibana lhe oferece, Mirian consegue evidenciar um discurso pessoal no qual exprime o intenso lirismo das coisas que gravitam em sua alma.

A artista alcançou sua forma expressiva e conseguiu fazer de sua razão pictórica uma linguagem direta. Não se tratando, portanto, de uma proposição, essa expressão é uma técnica de solução ponderada, muitas vezes solucionada através da inteligência de onde obtém excelentes resultados.

Mirian Tatsumi compreendeu bem as possibilidades que a Oshibana lhe oferece, pois com o passar dos tempos os estudos dessa arte evoluíram. Suas técnicas foram se aperfeiçoando a ponto de se chegar à preservação das cores originais, das folhas e das flores, por um período muito mais longo.

Magistralmente prensadas, suas flores conseguem gerar magníficas paisagens, que constituem um verdadeiro mundo de sonhos, tão almejado pelo ser humano nos momentos de contemplação e meditação.

Em Recanto da Paz, obra doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, a artista cria, no quadro de um primitivismo romântico, uma paisagem tipicamente brasileira, dentro de uma consistência realística, mas recriada de conformidade com uma sensibilidade repleta de primaveril lirismo.

A Artista

Mirian Tatsumi, pseudônimo artístico de Mirian Sanae Ueda Tatsumi, nasceu em Ribeirão Pires, SP, em 1957. Formou-se em relações públicas na Faculdade de Comunicação Social Anhembi (1978-1981), e exerceu funções na Japan Airlines de 1979 a 1992.

Transferiu-se para o Japão, onde viveu durante sete anos na cidade de Kashiwa-shi, na província de Chiba. Freqüentou inicialmente a Escola Fushigi no Hana Club e estudou a técnica de Oshibana (flores prensadas) sob a orientação da mestra Yamada Shizuka (1997-2000). Retornando ao Brasil, reencontrou-se com Alice Midori Imai, com cujo apoio e incentivo pôde dar continuidade e desenvolver o conhecimento adquiridido na arte do Oshibana-e.

Participou de diversas exposições, das quais destacamos: Kashima No Ha Park, na província de Chiba (1998 e 1999); Espaço Cultural da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, SP; Espaço Cultural da Associação de Hokkaido, SP (2003); Centro Cultural da British International School, SP; Espaço Cultural Banco Real, SP; Espaço Cultural Banco Sudameris, SP, e Hiroshima Kenjikai do Brasil (2004).

Suas obras encontram-se em coleções particulares no Japão, Brasil e no Acervo Artístico da Assembléia Legislativa.