24 de Setembro de 1834

Emanuel von Lauenstein Massarani
24/09/2004 15:00

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D. Pedro I, Imperador dos Brasileiros ou D. Pedro IV, Rei dos Portugueses<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/DPedro1.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Há 170 anos morria D. Pedro, o brasileiro número um pela nacionalidade e pelo patriotismo

"Eu voltarei, leais paulistanos! Eu voltarei no meu derradeiro repouso! Eu voltarei, meu pequenino Riacho do Ipiranga, cujas águas refrescam minhas mãos e meus lábios. Eu voltarei, São Paulo!"

Com essas palavras despedia-se D. Pedro do povo de São Paulo, que fora aclamar entusiástica e patrioticamente no Pátio do Colégio aquele que soube bem encarnar o ideal da independência, colocando sua espada libertadora a serviço do Brasil. Eram os albores do 10 de setembro de 1822. D. Pedro, então Príncipe Regente, regressava ao Rio, 3 dias após ter proclamado, com seu memorável grito de "Independência ou Morte", a unidade nacional e o nascimento de uma nação livre e soberana.

Essas mesmas palavras ecoam há 180 anos no coração das gentes brasileiras. Exatamente a 22 de abril de 1972, quando se iniciavam as comemorações do sesquicentenário de nossa independência - graças à sensibilidade das autoridades de então - D. Pedro I, Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil, voltava para o definitivo repouso que sonhou, aos pés da colina histórica, na terra que adotou e que amou até o fim de seus dias.

Na proclamação, dirigida aos Honrados Paulistanos a 8 de setembro de 1822, dizia D. Pedro com ênfase:

"Sou obrigado para servir meu ídolo, o Brasil, a separar-me de vós (o que muito sinto), indo para o Rio de Janeiro ouvir meus conselheiros e providenciar sobre os negócios de tão alta monta. Eu vos asseguro que coisa nenhuma me poderia ser mais sensível do que o golpe que minha alma sofre separando-me de meus amigos paulistanos, a quem o Brasil e eu devemos os bens que gozamos e esperamos gozar de uma Constituição liberal e judiciosa. Agora, Paulistanos, só vós resta conservardes união entre vós, não só por ser esse o dever de todos os brasileiros..."

Impetuoso e ardente, D. Pedro aliava seu temperamento combativo a uma grande nobreza de caráter, comprovado até mesmo no sombrio 7 de abril de 1831, quando ao entregar ao major Miguel Frias de Vasconcelos o decreto de sua abdicação escrito de próprio punho, diz categórico:

"Aqui têm minha abdicação: estimo que sejam felizes. Eu me retiro para a Europa, e deixo um país que muito amei e ainda amo!"

Não há dúvidas de que, por amor ao Brasil, D. Pedro abdicou da coroa de Portugal em 1826 em favor de sua filha, D. Maria da Glória, e em 1831, ainda por amor ao Brasil, d,

a própria coroa do Brasil que ele próprio instituíra.

Paralelamente a estes traços característicos, D. Pedro I era um pai extremoso, sentimental e profundamente dedicado:

"O Brasil é também meu filho, não és só tu..." Escrevia D. Pedro de seu exílio em Paris ao futuro Imperador D. Pedro II, não sem antes dizer:

"Ah! Meu amado filho, o tormento em que vivo pela ausência da Pátria que adotei e de ti é tão grande que não tenho jamais um instante de completa satisfação..."

Como D. Pedro I, Imperador dos Brasileiros ou D. Pedro IV, Rei dos Portugueses, ele é ao mesmo tempo a imagem viva, real, dinâmica e inesquecível do jovem de vinte e três anos que cria a monarquia brasileira e eleva o reino do Brasil a império na tarde luminosa de 7 de setembro de 1822, do príncipe romântico sem par no século XIX e do rei soldado da liberdade.

Neste dia que vê passar os 170 anos de seu prematuro desaparecimento, ocorrido a 24 de setembro de 1834, no mesmo quarto do Palácio de Queluz que o viu nascer em 1798, só nos resta lembrar com dignidade e emoção os exemplos daquele que foi o brasileiro número um pela nacionalidade e pelo patriotismo.

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