Reunião promovida pela Frente Parlamentar de Segurança Alimentar nesta quinta-feira, 30/6, organizada pelo Fórum das Religiões de Matriz Africana em Defesa da Segurança Alimentar e Nutricional do Estado, debateu a elaboração de um documento com a posição das comunidades de tradição afrobrasileira a ser apresentado na Conferência Nacional de Segurança Alimentar, em agosto próximo, no Espírito Santo. Seguindo as normas de segurança alimentar, o fórum não espera ser apenas um entregador de cestas básicas, mas um estimulador para o fortalecimento dos atendidos. De caráter estadual, o fórum é constituído de cinco fóruns regionais: de Campinas, com sete casas; Alto Tietê, com seis casas; Sul-Oeste, com 10 casas; a cidade de São Paulo, com 12 casas e a Baixada Santista, com 16 casas. A partir do processo de distribuição de cestas básicas, e utilizando o conceito das trocas solidárias, o Focomatriz-SP tem um processo de auto-organização onde, nos períodos que não são distribuídas cestas alimentares, as famílias assistidas participam, de forma cooperativada, da produção de sabão. Com a presença dos deputados petistas José Candido e Adriano Diogo, a reunião recebeu apoio da Comissão da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, da Subcomissão Comunidades Tradicionais, e da Comissão de Educação e Cultura, todas da Casa. A Frente Parlamentar de Segurança Alimentar é coordenada pelo deputado Isac Reis (PT). Voz para índios e negros O deputado José Candido parabenizou a mobilização das entidades representativas do movimento negro presentes e enfatizou a necessidade de sua participação no debate sobre segurança alimentar. Candido disse também que essas comunidades de raiz africana, religiosas ou não, devem ser voz também na defesa dos índios. O parlamentar citou relatório do Conselho Indigenista, divulgado parcialmente em 29/6, que denuncia índices crescentes de mortalidade nas comunidades indígenas, especialmente na nação xavante. Segundo o deputado, no relatório traz dados alarmantes do crescimento da violência contra as comunidades indígenas, invasão de suas terra e alta na mortalidade infantil pela prcariedade das condições sanitárias locais. "O relatório do Conselho Indigenista, com dados de 2010, aponta o crescimento de 513%, em relação a 2009, de violência contra a nação xavante, e a morte de 60 bebês índios em cada cem nascidos vivos, por desnutrição, problemas respiratórios e doenças infecciosas", informou, para concluir: "Continuamos lutando, gritando pela nossa sobrevivência que também é a deles". Adriano Diogo, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, da Cidadania, da Participação e das Questões Sociais, destacou a importância da mobilização das comunidades de matriz africana, que buscam garantir a preservação de suas origens e cultura. Segundo Diogo, está em curso uma nova perseguição a essas tradições, especialmente em relação às práticas religiosas da comunidade afro-brasileira, através das ações de determinados movimentos evangélicos importados do Estados Unidos para o Brasil e para as nações de língua portuguesa na África, e protestou: "O nosso povo não vai ser escravizado uma segunda vez".