Henrique Passos restitui um nostálgico realismo repleto de poesia à "Paulicéia Desvairada" de sempre

Emanuel von Lauenstein Massarani
20/09/2004 14:00

Compartilhar:

Henrique Passos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/HenriquePassos.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Pátio do Colégio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Henrique Passos Patio colegio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Muitos são os problemas que envolvem a pintura contemporânea e Henrique Passos participa também dessas dúvidas e incertezas; mas, quase por encanto, sabe transmutar o urgente chamamento numa disposição espiritual que lhe permite, em seguida, contemplar o espetáculo do mundo. Com um olhar estupefato e pleno de confiança na vida, o artista quis reviver na tela a "Paulicéia Desvairada", de Mario de Andrade.

É bom lembrar que sua obra se baseia sobre alguns pontos fundamentais da construção pictórica: boa disposição das massas, um desenho preciso, a feliz introdução de valores cromáticos e, sobretudo, a difusão da luz de maneira a conferir à pintura compactação, extrema unidade e além de tudo uma impressão profundamente realística.

Sua pintura exprime uma natureza clara, firme, participante, extremamente humana de um artista sempre empenhado, mas sem concessões, de afirmar uma visão segura da realidade, uma natureza observada com um agudo gosto pela cor e pela luz.

Trata-se de um pintor lírico que procura inserir sua contemplação num grande horizonte criativo, mas também de uma robusta força realista. Suas inclinações românticas e seu temperamento nostálgico se conciliam na espontaneidade de tons equilibrados, numa sucessão de imagens nas quais vibram ecos de controlados sentimentos.

Por meio de sutis sugestões, de transparentes e fluidas sensações visuais, Henrique Passos consegue nos restituir "esse mundo passado", esse profundo gosto pelas antigas cidades. Exatamente pela sua natureza enigmática e fruto da magia da cor, ele transmite tais emoções.

Usando técnica invejável, sabedoria e sensibilidade, o artista revela notável capacidade e consumada experiência. Suas cores solares nos encantam na sua magistral aplicação, e cada forma, cada conformação, cada estruturalidade arquitetônica se apresentam como uma meditação que, afastando-se de todo academicismo, encontra uma sua linguagem expressiva.

Na obra "Pátio do Colégio", primeira sede da Assembléia Provincial, doada ao Acervo Artístico ao Palácio 9 de Julho, Henrique Passos, de verdadeiro protagonista, não se deixou envolver por uma fácil experimentação, mas coerente com seu credo , repropõe com fé imutável a sua arte, o seu modo encantador de homenagear São Paulo nos seus 450 anos de fundação.

O Artista

Henrique Passos, nasceu em Ubaitaba, Bahia.. Aos 14 anos, deu início aos seus trabalhos artísticos como autodidata. Freqüentou alguns cursos de pintura na Escola de Belas Artes, sob a orientação do professor Oscar Caetano. Mais tarde entrou para a Escola de Artes da Universidade Federal da Bahia.

Recebeu vários prêmios, destacando-se entre eles: "Jovem Pesquisador", programa bolsa pesquisa MEC; "Menção Honrosa", no Salão Nacional de Artes Plásticas Genaro de Carvalho; "Menção Honrosa", 1º Salão Metanor/ Copenor de Artes Visuais e o troféu de Martins Gonçalvez.

A partir da década de 70 participou de inúmeras exposições: 1ª Mostra Salão de Estreantes, Galeria Panorama, Salvador, BA; Escola de Belas Artes, Galeria Canizares, Salvador, BA; 1º Salão Metanor/Copenor, Museu de Artes, BA; Roberto Alban Galeria de Arte, BA; Espaço Cultural Atrium, BA; Espaço Cultural Museu da Arte Moderna, Salvador; Museu da Cidade, Rio de Janeiro; Museu Metropolitano de Artes, Curitiba, PR; Teatro Diplomata Patamares; "Eternamente Linda", Museu da Cidade, Salvador, BA.

Nos anos 80, desenvolveu atividades como cenógrafo em peças teatrais e festivas de Ballet, projetos decoração de Carnaval da Cidade e dos corredores do Fernandez Plaza.

Suas obras encontram-se nos acervos do Museu da Cidade, Salvador, BA; Fundação Pedro Calmon, Salvador, BA; Câmara Municipal, Salvador, BA; Fiesta Conventional Center, Salvador, BA; Museu da Arte Moderna, Salvador, BA; Painel Pavitec, Salvador, BA; Painel Café América, Salvador, BA; Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, Salvador, BA; Memorial da Escola de Medicina, Salvador, BA; Biblioteca do Campus Universitário da Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA; Painel Farol Barra Flat, Salvador, BA.

alesp