DA REDAÇÃO Uma das mais tradicionais instituições filantrópicas do Estado, o Amparo Maternal, recebeu nesta terça-feira, 25/6, membros da Comissão de Saúde e Higiene da Assembléia Legislativa com o objetivo de encontrar saídas para a grave crise financeira que a entidade atravessa. Como não haverá mais sessões ordinárias da Comissão, foi proposta uma reunião formal para tratar das dificuldades financeiras da instituição, que faz todo o atendimento de graça. A saída encontrada, em conjunto com parlamentares da Câmara Municipal e representantes da Comissão Especial de Valorização da Administração Pública da OAB, é somar esforços entre os governos estadual e municipal para que criem uma verba especial a ser repassada para a entidade.Segundo o médico e deputado Jamil Murad (PCdoB), que integrou a comitiva, a entidade pode ser comparada a hospitais do primeiro mundo, com dois a quatro óbitos por mil nascimentos. Vive de recursos do SUS e de doações da comunidade, com suporte para UTI neonatal, berçário clínico, salas de cirurgia, alojamento para 150 parturientes e os recém-nascidos, pré-natal, ultra-sonografia, entre outros serviços para um bom atendimento hospitalar.O deputado alertou os presentes para a necessidade de se conseguir junto aos poderes públicos municipal e estadual a complementação da verba para garantir a continuidade do funcionamento do Amparo Maternal, que corre o risco de paralisar suas atividades. Após a vistoria, Murad afirmou que não foi constatada qualquer irregularidade nos serviços da Amparo Maternal, que faz verdadeiro "milagre atendendo parturientes com alta qualidade".No âmbito da Assembléia Legislativa, há duas indicações propondo a concessão de auxílio financeiro para a instituição, de autoria do deputado Salim Curiati (PPB), uma de subvenção mensal de R$ 200 mil, do deputado Cândido Vacarezza (PT), e emenda à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano.Os gastos mensais da entidade giram em média em torno de R$ 700 mil. Seu demonstrativo financeiro acusa prejuízo de R$ 1,6 milhão. Entre seus credores, que até chegou a ameaçá-la de corte no fornecimento de luz, está a Eletropaulo - que só não o fez porque o Estado doou, em 4 de maio último, cerca de 220 mil para a instituição.O Amparo Maternal é a 68ª maior entidade filantrópica do Brasil. Seu objetivo é prestar assistência integral às mães carentes e a seus filhos. Elas recebem, no antigo casarão da Vila Clementino, ajuda para se colocarem no mercado de trabalho após o nascimento de seus filhos, como cursos de alfabetização, costura e informática. Os recursos da entidade, que é dirigida pela irmã Anita Gomes, da Congregação das Irmãs de São Vicente, são oriundos de doações e de repasses do Sistema Único de Saúde (SUS), do governo federal. Tais repasses cobrem apenas parte do custo de seu funcionamento, apesar dos recursos que a diretoria vem tentando conseguir para diminuir as dívidas. Agora lança novo pedido de socorro às autoridades para continuar atendendo às andarilhas e mulheres carentes de assistência médica, alimentos, alojamento, cursos profissionalizantes e reintegração social, registrando que as doações escassearam muito depois que o governo federal deixou de incentivar doações a entidades de caráter filantrópico. Participaram da reunião o representante da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), médico obstetra Eurípedes Balsanufo Carvalho, deputado Roberto Gouveia (PT) e Maria Alice Pelisário, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Calvo, vereador da Câmara Municipal da Capital, Renato Alves Filho, diretor clínico do Amparo e sua diretora-geral irmã Anita Gomes, Emilio Ferranda, diretor-financeiro, além de representantes da vereadora Ana Martins e da Comissão de Saúde, Promoção Social e Trabalho, da Câmara Municipal.No relatório das atividades do Amparo Maternal entregue aos participantes da reunião, seu diretor-financeiro, Emilio Ferranda, alerta que em "inúmeras vezes o Ministério da Saúde deixou dúvidas quanto à capacidade administrativa". Na oportunidade ele se colocou à disposição de qualquer interessado para verificar se é uma questão de competência "sobreviver por tantos anos" com os valores apresentados.