Atuação da enfermagem é tema de seminário na Assembléia

Profissionais do setor destacaram a necessidade de prestar atendimento abrangente (com fotos)
04/09/2002 20:16

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O evento foi promovido pela Área Técnica da Saúde da Mulher e do Adolescente, da Secretaria de Estado da Saúde<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/en04set02-C.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

DA REDAÇÃO

O compromisso social e ético da enfermagem em relação à saúde da mulher foi debatido em seminário realizado nesta quarta-feira, 4/9, no auditório Franco Montoro, na Assembléia Legislativa.

O evento foi promovido pela Área Técnica da Saúde da Mulher e do Adolescente, da Secretaria de Estado da Saúde, sob coordenação da professora Albertina Duarte Takiuti, que salientou, na abertura do encontro, a importância de se criar "uma cultura de saúde em que a própria mulher seja multiplicadora dos fatores de proteção, procurando diminuir doenças como o câncer de mama e do colo do útero".

Para a professora Sandra Andreoni, da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), toda atuação na área de enfermagem deve ser abrangente - tendo em vista o indivíduo, a família e a comunidade -, cumprindo etapas que começam com a entrevista e o exame físico da paciente para detecção preliminar dos problemas. "Na realidade, espera-se que o procedimento se inicie na Unidade Básica de Saúde, estenda-se até um hospital e retorne à unidade, onde o processo deve ser avaliado", ela comentou.

Sob esse aspecto, de acordo com Sandra, o prontuário assume importância até do ponto de vista educativo, para que haja controle de assistência de enfermagem e avaliação do próprio processo. "O prontuário é a grande defesa dos profissionais, daí a necessidade de registrar todo procedimento de enfermagem realizado, tanto nas unidades básicas quanto nas de referência", assegurou. "Não é possível que uma enfermeira que atenda 50 pacientes por dia possa fazer o registro de todos eles. É importante, nesse caso, estudar a facilitação das anotações."

Houve consenso entre os participantes sobre a necessidade do prontuário único para cada paciente, onde o profissional responsável assine cada anotação realizada. "É preciso anotar toda a assistência prestada para que ocorra um melhor atendimento ao paciente", lembrou Sandra.

"Nosso maior desafio é melhorar a qualidade de assistência à mulher e à família na comunidade", afirmou a enfermeira Maria Angélica Azevedo Rosin, do Conselho Regional de Enfermagem (Coren). Tomando como base as determinações do Código de Ética de Enfermagem, ela criticou a atual situação do atendimento nos hospitais, ambulatórios e postos de saúde, voltado para a gestante e a gravidez, "desconhecendo a paciente como um todo".

"A atuação do profissional de enfermagem deve ser mais propositiva do ponto de vista político, procurando assegurar seus direitos", asseverou a representante do Ministério da Saúde, Janine Schirmer. "É preciso pressionar o Coren para que seus recursos de fiscalização sejam colocados a serviço dos profissionais da enfermagem, cobrando uma postura mais firme dos gestores de saúde".

Atendimento ao Adolescente e à Saúde da Mulher

Em sua continuidade, à tarde, foram feitas exposições pelo presidente da Assembléia Legislativa e parlamentares médicos, além das enfermeiras Maria Helena Almeida, que falou sobre o funcionamento e atendimento da Casa do Adolescente, e Nanci Rodrigues Oshiro, que explicou a rotina do Hospital Pérola Baygton.

Sobre a Casa do Adolescente, Maria Helena Almeida informou que seu principal objetivo é "resgatar a auto-estima, a auto-imagem e a autoconfiança do adolescente". Ela também esclareceu que uma vez por semana uma equipe leva as adolescentes grávidas ao Hospital das Clínicas, que mantém convênio com a Casa. Lá, as adolescentes são atendidas por micro-equipes compostas por fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga, enfermeira e clínico. A enfermagem, nesse caso, realiza todo o trabalho de organização dos grupos por faixa etária e condições gerais e específicas de saúde.

Hospital Pérola Baygton

Em sua exposição, a enfermeira Nanci Rodrigues Oshiro falou sobre o Hospital, inaugurado em 2000, que hoje atende 1.200 pacientes por dia, embora a fila de espera para atendimento seja "enorme". O atendimento no Pérola Baygton se apóia no posto de saúde, que é a única entidade qualificada para encaminhar pacientes àquele ambulatório. Uma vez encaminhada, a mulher paciente poderá ser atendida no setor uroginecológico, de sexualidade, de mastologia com cirurgia de câncer e para reconstrução de mama e de endocrinologia.

Todas as vítimas de estupro, ainda segundo Nanci, são atendidas pelo hospital a partir da delegacia onde fizerem o Boletim de Ocorrência. "No Pérola, são imediatamente recebidas por psicóloga, enfermeira e assistente social e é lá também que passam pelo exame de corpo de delito. Nessa ocasião, a mulher vítima de estupro recebe um coquetel de vacinas contra a hepatite, a pílula do dia seguinte e antibióticos. O atendimento psicológico que receberá se estende por cinco anos, porque muitas delas engravidam." O hospital também realiza a interrupção da gravidez sob condição jurídica específica e pequenas cirurgias de condiloma em gestantes, contando com serviço de ambulâncias para atendimento emergencial.

Propostas

O encontro encerrou-se com propostas unanimemente aprovadas para o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e para o Ministério da Saúde. Dentre estas, propostas sobre carga horária e piso salarial.

alesp