ALCKMIN, ESPERANÇA DE REAÇÃO - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
23/03/2001 14:17

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Conversei com o novo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e disse a ele que tenho esperança de que, sob sua liderança, o governo do Estado realmente reaja contra o avanço da criminalidade. No fim de fevereiro, ainda na interinidade de Alckmin, antes da morte do então governador Mário Covas, enviei a ele um ofício com sugestões de mudanças no sistema prisional para combater rebeliões de presos como a de 18 de fevereiro.

Alckmin mostrou-se muito aberto às sugestões feitas por mim, tanto que telefonou para meu gabinete, na Assembléia Legislativa, para agradecer e para trocar idéias, em respeito a minha experiência na área. Entre as sugestões que fiz para acabar com os motins sangrentos em nossas cadeias está uma bastante simples, que diz respeito a um detalhe desconhecido da maior parte da população paulista. É que os presidiários têm muitos privilégios, como aparelhos eletrônicos que lhes permitem tomar contato com o mundo exterior e planejar rebeliões como a de fevereiro?

Pois bem: entre as sugestões por mim encaminhadas ao governo do Estado, está a de não só retirar das celas todos os aparelhos elétricos e eletrônicos, como rádios e TVs, mas também acabar com as tomadas elétricas, onde podem ser ligados os aparelhos de recarregar baterias dos telefones celulares, tão úteis nas rebeliões.

Outra sugestão que fiz foi a de que os criminosos cumpram suas penas realmente em regime de reclusão, ficando em suas celas confinados, sem regalias, como ocorre por exemplo nos Estados Unidos. Além disso, claro, as visitas aos presos têm de ser limitadas e controladas, para evitar essa bagunça que levou a tantas rebeliões.

Geraldo Alckmin já mostra que sua linha de conduta está muito mais de acordo com a autoridade a ser exercida para incentivar a polícia a combater o crime. Quando da rebelião de menores infratores da Febem na Unidade de Franco da Rocha, em 11 de março, a Polícia Militar mostrou uma posição mais enérgica, com a tropa de choque invadindo as instalações para acabar com o motim. É verdade que um funcionário da Febem, antes disso, foi morto pelos internos rebelados, mas a tragédia poderia ter sido maior.

Tenho esperança de que sejam tomadas amplas providências em todos os campos de combate à criminalidade, para que a população paulista possa afinal respirar aliviada. Esse tal de PCC, a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, que agora é notícia na mídia principalmente por causa do grande motim de 18 de fevereiro, na verdade vinha agitando as cadeias há muito tempo, como tive oportunidade de denunciar na Assembléia Legislativa de São Paulo.

Em 16 de maio de 1997, o Diário Oficial do Estado publicou dois requerimentos de minha autoria, pedindo informações aos então secretários da Segurança Pública, José Afonso da Silva, e da Administração Penitenciária, João Benedito de Azevedo Marques, para que estes explicassem providências tomadas contra o PCC. Então, como presidente da CPI que investigou o crime organizado em nosso Estado, publiquei o estatuto do PCC, que havia chegado às minhas mãos em forma manuscrita. Pois aqueles dois secretários nem ligaram para o fato. Seus sucessores também cochilaram... Resta esperar que, com o novo estilo do governador Geraldo Alckmin, cadeia volte a ser cadeia. E o povo tenha paz.

*Afanasio Jazadji é radialista e deputado estadual pelo PFL.

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