O Embaixador da Paz


28/08/2003 18:36

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Sérgio Vieira de Mello, um agente da paz<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Sergio vdmello.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Da assessoria do Instituto do Legislativo Paulista

No próximo dia 3 de setembro, a partir das 18h30, por iniciativa conjunta da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo e do Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz, será realizado Ato Solene em homenagem ao embaixador Sérgio Vieira de Mello, vitimado com outros funcionários das Nações Unidas no exercício da negociação para a resolução pacífica de conflitos que atingem a comunidade internacional.

O Ato marcará também a posse de 24 parlamentares como membros titulares e suplentes do ConPAZ , que receberá o nome do embaixador falecido, passando a chamar-se "Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz Embaixador Sérgio Vieira de Mello". Estão convidados o representante da ONU no Brasil, Carlos Vieira dos Santos , Guilherme da Cunha, ex-funcionário da ACNUR (Agência das Nações Unidas para Refugiados), Sérgio Nigro (presidente do Tribunal e Justiça do Estado de São Paulo), Alexandre Moraes (secretário da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo) e representantes dos Conselhos Municipais pela Cultura de Paz de São Paulo, Itapecerica da Serra e São José dos Campos - criados logo após a iniciativa pioneira do Legislativo paulista, que instituiu o primeiro Conselho dessa natureza no mundo.

Recentemente, a Tailândia e a Casa Branca (Washington DC) receberam os instrumentos legais do ConPaz e tomaram a mesma iniciativa.

O ConPaz: missão, composição e ações

O Conselho Parlamentar pela Cultura de Paz (ConPaz) foi instituído na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo por meio da Resolução 829, de 17 de dezembro de 2002.

A iniciativa de constituição do Conselho foi conseqüência de convite da Assembléia Legislativa ao Comitê Paulista para a Década da Cultura de Paz para se pronunciar em nome da sociedade civil. O evento reuniu representações diplomáticas, organizações governamentais, instituições e movimentos sociais e religiosos, que despertaram os parlamentares paulistas presentes para a questão da promoção da Cultura de Paz. Missão Sensibilizar, mobilizar e articular todos os segmentos da sociedade no engajamento na Cultura de Paz, vista a paz como valor da humanidade e a cultura como modo coletivo de sentir, pensar e agir.

A Cultura de Paz requer novas formas de convivência e mecanismos mais justos de distribuição da riqueza e do saber. Composição Representantes de organizações governamentais, do Executivo, do Legislativo, do empresariado, de tradições religiosas e espirituais, da sociedade civil e de indivíduos com vocação e ações voluntárias e solidárias, fundamentadas no compromisso ético e voltadas para a implementação da Cultura de Paz.

Ações:

· Implementar a Cultura de Paz no "fazer política" e nas políticas públicas;

· elaborar e inspirar políticas justas, que aprimorem o exercício da cidadania;

· propor ações preventivas e articuladas;

· aprimorar processos de negociação e mediação de conflitos para superar impasses que, a médio ou a longo prazo, podem acarretar situações irreversíveis;

· avançar no estabelecimento de diálogos sobre temas estratégicos que vêm atingindo a sociedade; § Mobilizar para o trabalho conjunto - com os recursos disponíveis, com habilidade, conhecimento, criatividade e vontade - de garantir a paz na sociedade;

· promover ações compartilhadas, integrando a sociedade civil, a iniciativa privada, os governos e os partidos no processo de pensar e planejar, de forma conjunta, o presente e o futuro nos parâmetros da Cultura de Paz.



Sérgio Vieira de Mello, um agente da paz

"Ser um homem do sistema não significa ser um burocrata que passa a vida sentado num gabinete."

"Não existe uma hierarquia do sofrimento e da tragédia. Para a vítima, seja do Sudão, do Timor ou de Kosovo, o sofrimento é idêntico."

Pode-se dizer que o embaixador Sérgio Vieira de Mello tornou-se um dos mais significativos ícones da construção da Cultura de Paz, uma vez que dedicou sua vida à negociação e resolução pacífica de conflitos para garantir a vida nos locais mais críticos do planeta. A sua última missão era conduzir o período de transição para devolução do Iraque a seu povo.

Conhecido por sua habilidade e diplomacia de bastidores, jamais negociou pela imprensa ou através de acusações públicas. Sua prática respaldou suas palavras: "Não esperem que eu fique tratando de direitos humanos apenas de uma sala confortável. Não é em Genebra que as violações ocorrem. Gosto de sujar as botas de lama de tempos em tempos".

Sérgio Vieira de Mello percorrreu praticamente todas as instâncias da ONU e poderia ter-se tornado o próximo secretário-geral. Foi o responsável pela missão de maior sucesso da organização nos últimos anos: governou o Timor Leste, após a independência do país, até que a população local restabelecesse seu próprio governo, em 2002 .

Foi o único brasileiro que ocupou de fato a presidência de um país estrangeiro. Esteve no Líbano entre 1981 e 1983 para tentar restalecer a paz durante a guerra civil e, dez anos após, dirigiu os esforços da ONU na Bósnia. Em 1996, foi para Ruanda e, pouco tempo depois, para Kosovo. Trabalhou também em Bangladesh, Peru, Chipre, Moçambique e Sudão, sempre ligado à defesa dos direitos humanos e da paz entre os povos.

Sérgio Vieira de Mello nasceu no Rio de Janeiro em 19 de março de 1948 e era doutor em filosofia e ciências sociais pela Universidade de Sorbonne, Paris.

alesp