Programa debate participação da mulher na política


07/03/2006 19:54

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Apresentador Jorge Machado entrevista as deputadas Havanir Nimtz, Ana do Carmo, Maria Almeida e Rosmary Correa <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/TV Mulheres.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

"A mulher na política" foi o tema do debate gravado na segunda-feira, 6/3, às 14 horas, para o programa Assembléia Debate. Participaram do programa, cuja primeira exibição estava prevista para as 22h do mesmo dia, as deputadas Ana do Carmo (PT), Havanir Nimtz (PSDB), Maria Almeida (PFL) e Rosmary Corrêa (PSDB). Na abertura do programa, o apresentador Jorge Machado destacou que, "apesar de mais numerosas no conjunto da população, as mulheres na política ainda são minoria". Seguem-se trechos dos depoimentos das deputadas sobre duas das questões abordadas no debate: "Mulher não vota em mulher?" e "Sistema de cotas para mulheres nos partidos".

Mulher não vota em mulher?

Rosmary Corrêa: "Mulher não vota em mulher. Ainda nós temos esse tipo de problema, porém eu acredito que isso vem mudando. A gente tem de levar em consideração também que não se pode votar em mulher só porque é mulher, mas pela sua capacidade, pela sua competência; e, às vezes, a própria eleitora mulher tem a sua preferência para um candidato masculino. Hoje as mulheres têm uma consciência diferente no tocante a votar em mulher. Às vezes elas próprias acabam fazendo com que seus maridos, filhos e conhecidos mudem o voto para a sua candidata, para uma candidata mulher."

Maria Almeida: "Aquela cultura de a mulher não confiar em outra já está sendo superada. Desde que a mulher tenha uma proposta de trabalho para a função que ela vai exercer, como deputada ou como vereadora, eu acho que é isso que a (eleitora) tem que olhar. E votar nessa mulher."

Ana do Carmo: "A mulher tem muito mais dificuldade de participar (da política) devido à grande tarefa que ela tem. E a mulher não tem o apoio dos nossos governantes como deveria ter. A mulher precisa trabalhar e não tem creche para deixar seu filho. A mulher é que tem de buscar o filho na escola. Os homens, os "machões" que estão no poder, não ajudam para que a mulher tenha mais condições de participar. Existem mais homens com condições de fazer campanha do que mulheres."

Havanir Nimtz: "O número de candidatas mulheres é muito menor que o de homens. Eu já presidi partido político: a procura é menor das mulheres. Talvez por insegurança. A falta de segurança da mulher faz com que ela não procure um partido para se candidatar. Não acredito que seja falta de tempo. A mulher sabe administrar muito bem o tempo. A mulher é dedicada, é perseverante, é disciplinada. Ela sabe dividir bem as tarefas. Eu percebo que em todos os segmentos (e não só na política) as mulheres olham ainda para as outras colegas mulheres com certo cuidado. Existe uma certa desconfiança: será que essa mulher vai ter tanta segurança como o homem? Às vezes (a própria mulher) ainda prefere o profissional homem. Porque a nossa sociedade ainda é masculina."

Sistema de cotas para mulheres nos partidos

Rosmary Corrêa: "O fato de termos cotas, um número "xis" de mulheres que têm de participar das chapas eleitorais, não significa que essas mulheres serão eleitas. Elas só terão mais facilidade para poder participar de uma chapa. Começa o período eleitoral, elas sequer são chamadas para alguma coisa. Não recebem nenhum tipo de ajuda do partido. E aí temos um outro problema: vocês já perceberam que, quando um homem é candidato, (a mulher) dá todo o suporte necessário para ele fazer campanha? Vai uma mulher se candidatar. Primeiro que o marido não conta nem para os amigos dele que a mulher é candidata. Quanto mais fazer campanha. Nós temos mulheres maravilhosas, que seriam excelentes parlamentares, mas que encontram essa barreira que muitas vezes começa dentro de casa e se estende para o próprio partido político. Essa é uma das razões mais fortes para que não tenhamos hoje mais mulheres nas Assembléias, nas Câmaras Municipais e no Congresso Nacional."

Maria Almeida: "Eu concordo com a deputada Rose. Existe uma desigualdade imensa. A mulher fica totalmente desprotegida, mesmo ela tendo entrado num partido. Com material de campanha. Com brindes. A gente nota que o homem tem mais material do que a mulher. É uma realidade que deve ser mudada. Essa cota de 30% também é pouco. Eu procuro conscientizar sempre a mulher. Deus deu talento a cada uma de nós. Tente descobrir qual é o seu talento, se for na política, ótimo. Procure se aperfeiçoar, procure ler as notícias de jornal, o que está acontecendo no mundo, principalmente em seu país, para que venha a avançar e entrar na política."

Ana do Carmo: "Eu concordo com tudo o que as nossas colegas deputadas já falaram. O que pesa mais é a falta de apoio, tanto dentro de casa como apoio financeiro. E outra coisa: a discriminação contra a mulher ainda está muito presente. As autoridades têm de promover uma política em torno da mulher. Aquela que tem jeito para a política, vai para a política. Aquela que não tem, tem de ter condições de ter uma vida melhor, uma vida decente. Tem que acabar com aquele negócio de mulher ficar dentro de casa só lavando e passando. A mulher tem que participar. Participar da sua sociedade, da sua empresa. Ter trabalho. Ter condições de conhecer o que é a participação. Falam tanto em defesa da mulher, em projetos que venham a beneficiar as mulheres, (mas) a mulher ainda é muito penalizada mesmo. Para trabalhar, para participar. Para ser política, então... meu Deus, tem que ter muita garra mesmo."

Havanir Nimtz: "O que falta prioritariamente é informação. A mulher, como foi dito aqui, não sabe os prazos, não estuda a lei eleitoral; o partido não ajuda, deixa passar o prazo de filiação. Ainda existe muita discriminação em relação às candidaturas. Não é a questão das cotas. A lei prevê que 30 % é para um sexo. Não diz que é para as mulheres. Só que, como os homens predominam, 70% ficam para eles. (Se as mulheres não chegam a preencher nem os 30%), não é culpa só do partido. As mulheres às vezes não procuram por desinformação. E o partido também não estimula."

alesp