A arte ocidental sempre teve o problema do espaço, ou melhor, o "horror vacui", o medo do vazio. As vanguardas se apossaram do problema e o debateram, entretanto, suas realizações práticas " as obras " eram aquém ou além do porte filosófico do conceito. Lao Tzu " célebre pensador chinês " dizia que a realidade de uma sala não é o invólucro dos muros, mas o seu volume de vazio.Em suas esculturas de estrutura esférica, Chico Niedzielski enfrenta a problemática do vazio. O seu esforço consiste, efetivamente, em modelar o vazio para dar um sentido ao desenvolvimento do pleno. Nessa ordem de idéias, é o vazio que corrói o pleno, interrompe o seu desenvolvimento, precipita-o em cavernas, o faz retornar à tona, retomar e reestruturar o discurso das formas. Esse desenvolvimento é de uma lógica que é contemporaneamente bárbara e friamente intelectual.Com efeito, se pessoalmente, seguindo com o dedo a estrutura em movimento, encontramos que a interrupção é somente aparente e que a linha continua apenas além de onde a perdemos, pela aparente tensão do vazio. A curva que perdemos não a podemos reencontrar se não tatearmos, como os cegos, usando aquele sentido do tato que a plástica tende a atrofiar a esfera e o desenvolvimento do discurso.O processo dialético da criatividade de Chico Niedzielski é patente na série de suas obras "Esferóides", onde se afirma como uma unidade formal superior que irradia elementos do pensamento, que por sua vez tendem " por sua própria natureza " a superar a forma incessantemente.Na obra "Esfera", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, sua forma esplêndida se desenvolve com limpidez geométrica e deixa transparecer leves torções, mínimos vazados que se interrompem e retomam, sugerindo um lento "motu" de rotação, implacável e possante como o astro que domina a nossa existência. O ArtistaChico Niedzielski, pseudônimo artístico de Francisco, nasceu em Catanduva, no ano de 1953. Cursou Filosofia na Universidade São Paulo e é autodidata no campo das artes. Sua inspiração é baseada na geometria sagrada, conforme sua própria definição.Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, ressaltando-se: Galeria Eucatexpo, São Paulo (1977); Galeria de Arte do SESC, São Paulo (1978); "X-Tal" - Clube da Skultura Galeria de Arte, São Paulo (1979); Museu de Arte de São Paulo (1982); Galeria Babelidus, São Paulo (1982, 1983 e 1984); Espaço Cultural Humberto, São Paulo; Chapel Art Show (1983, 1984, 1985, 1992 e 1999); Galeria de Arte de Fortaleza, CE; Galeria Inter Design, São Paulo (1983); Clube Monte Líbano (1984); Centro de Convenções Rebouças, São Paulo (1988); Galeria Paulo Vasconcelos, São Paulo (1990); Secretaria Municipal da Cultura, São Paulo (1991); Galeria Roswitha Benkert, Zurich, Suíça; Skultura Galeria de Arte e B"Nai"B´rith, São Paulo (1993); Galeria de Arte Skultura, São Paulo (1995); Gaudi Galeria, Sorocaba (2000); Condomínio Champs Elysées - Santo André (2001); Casa da Cultura Judaica, São Paulo (2002); Bienal Internacional de Arte de Florença, Itália (2005).Possui obras em importantes acervos particulares e oficiais, entre eles: Telefunken do Brasil; Indústrias Eletrônicas Phillips; Hospital Albert Einstein; Birmann S/A; Enterprise Suite Hotel; Brascan S/A; Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; Museu de Arte de São Paulo (Masp); e Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.