Juízo, senhores!

Opinião
23/11/2005 16:56

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Milton Flávio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A data já passou, com lamentável discrição. Mas a oportunidade de debater o tema não. Ao contrário. Dia 17 de novembro é o dia mundial da luta contra o câncer de próstata " um mal que atinge e mata um número crescente de homens com mais de 40 anos de idade, inclusive aqui, em São Paulo, onde foi aprovada, há oito anos, a primeira lei do país voltada para a saúde da população masculina. Para que o leitor tenha uma idéia da gravidade do problema, basta lhe dizer que o de próstata, após o de pele, é o tipo de câncer que mais vitima os homens que se encontram na chamada idade madura. Dados recentes nos dão conta de que, em São Paulo, o câncer de próstata é o responsável por mais de 15% dos óbitos decorrentes de câncer.

Este quadro preocupante deriva de uma série de fatores, a saber:

- Da desinformação: muitos homens ainda ignoram que, após certa idade (40, 45 ou 50 anos), devem submeter-se, anualmente, a exames específicos para que, se for o caso, seja feito o diagnóstico precoce do problema. A idade varia de acordo com o histórico familiar. Quem tem pai ou irmão com o problema deve procurar o médico mais cedo, pois são maiores as chances de que ele também venha a adquirir o mal;

- Do preconceito: é grande o número de homens que evitam os consultórios médicos para que não sejam submetidos ao toque retal " um procedimento imprescindível ao diagnóstico da doença. É lamentável que, em pleno século 21, ainda se façam piadas ridículas com tema tão sério;

- Do medo: a possibilidade de ter um câncer é, de fato, assustadora. O que as pessoas, no entanto, precisam saber, é que, se a doença for diagnosticada precocemente, as chances de cura são imensas, variam de 70% a 90%. Nos estágios avançados, estes índices diminuem de forma dramática.

Por uma questão de espaço, não vou me estender aqui em questões científicas, relativas aos diferentes tipos de tratamento. Quero apenas fazer alguns registros, a começar por um apelo aos homens que já se encontram na idade madura: não deixem se levar pelo medo nem pelo preconceito. Não há nada mais importante que a vida. Tenho certeza absoluta de que seus familiares e amigos, todos os que os amam, concordam comigo. Procurem um especialista, façam periodicamente os exames. Insisto, como médico urologista: se o problema existir e for diagnosticado em sua fase inicial, as chances de cura são muito grandes e aumentam a cada dia, por conta dos sucessivos avanços da medicina.

Agora, falo como deputado " um parlamentar que se orgulha de ter sido o autor da lei que garante a todos os que vivem no Estado de São Paulo atendimento e exames gratuitos na rede pública de saúde. Refiro-me à lei 9.824, sancionada no dia 31 de outubro de 1997, pelo então governador Mário Covas. Ou seja: não será por falta de recursos para pagar a consulta e os exames que alguém deixará de salvar sua vida.

Senhores tenham tenência, deixem o medo e o preconceito de lado, cuidem de sua saúde. E façam valer seus direitos.

Milton Flávio* é professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp em Botucatu, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo

www.miltonflavio.org

miltonflavio@al.sp.gov.br

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