Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), chega a 2,3 milhões por ano o número de vítimas do tráfico de pessoas no mundo. E 80% delas têm como destino a exploração sexual comercial. Esses dados foram trazidos à CPI da Pedofilia pela jornalista Priscila Siqueira, coordenadora da ONG Serviço contra o Tráfico de Mulheres e Meninas (fundada em 1991 como Serviço à Mulher Marginalizada). "Se não chegarmos às causas desse problema, vamos ficar como cachorros correndo atrás do rabo", disse Priscila aos membros da comissão nesta terça-feira, 8/6. Para ela, a exploração sexual é a ponta de um "iceberg imenso, que é composto principalmente pelas relações socioeconômicas e culturais". A estratégia apontada por Priscila inclui a execução de políticas públicas, terreno em que já se caminhou um pouco ao longo do tempo, avalia. "Mas é fundamental desconstruirmos relações culturais que, por exemplo, admitem o abuso da criança pelo pai, visto como a figura do provedor, ou que aceitam que o menor seja colocado pela própria família como mercadoria a ser explorada", observou Priscila. Militante de longa data nas questões ambientais e contra o tráfico e a exploração sexuais, Priscila relatou diversos casos envolvendo crianças e mulheres enredadas nessa teia de pobreza econômica e miséria cultural. "Esta CPI deve estender seu trabalho, para que a Assembleia possa aprofundar-se nas causas dessa realidade e propor medidas para combatê-las", afirmou.