Quanto vale?

Opinião
09/03/2006 18:24

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Deputado Milton Flávio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/MiltonFlavio7.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nos três primeiros anos do governo petista, os bancos lucraram mais do que nos oito anos da administração FHC. Isso porque o atual presidente e os próceres de seu partido, quando estavam na oposição, destinavam boa parte de seu tempo ocioso a acusar o governo tucano de estar a serviço dos donos da banca. Sob o comando de Lula, a economia cresce a passos de cágado, muito embora, no período, a economia mundial tenha se desenvolvido sob céu de brigadeiro. No ano passado, o PIB brasileiro cresceu 2,3%. Dentre os países da América Latina, só superamos o Haiti, um país reconhecidamente miserável. É uma vergonha.

O presidente anda todo faceiro por conta da melhoria de sua imagem junto aos eleitores, de acordo com as últimas pesquisas de opinião. Ele não gosta " aliás, nunca gostou " de falar sobre temas tão indigestos. Prefere discorrer sobre o que lhe interessa, ainda que, entre o que ele afirma, com a sem-cerimônia de sempre, e os fatos, exista uma distância abissal. A bem da verdade, não se poderia esperar outro comportamento de quem já admitiu que, na oposição, só fazia bravatas.

Ou seja: se o presidente da República admite, candidamente, que, durante anos e anos, não tinha compromisso com a verdade e a viabilidade de suas propostas, por que imaginar que sua chegada ao poder promoveria o milagre da conversão?

Em artigo recente, Rui Nogueira, jornalista de Primeira Leitura, nos alertou, mais uma vez, para o fato de que o presidente, quando não mente, distorce sem escrúpulos a realidade " a seu favor, claro. Tem sido sempre assim. Lula da Silva jura de pés juntos que nunca soube das lambanças promovidas pelos seus, com o intuito de dominar o Congresso Nacional e de se perpetuar no poder. Embora já tenha sido publicamente desmentido por especialistas, ele continua afirmando que, no seu governo, foram criados milhões de empregos formais. Em sua recente visita ao Piauí, não foi diferente, como bem observou Nogueira.

Lá pelas tantas, o presidente lembrou à assistência que o Estado de São Paulo, o mais rico da Federação, recebe do governo federal, anualmente, R$ 2 bilhões. Ocorre que " e isso ele não disse " R$ 1,2 bilhão são repassados ao governo paulista para cobrir os gastos com o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago aos portadores de deficiência física e aos idosos carentes, como determina a Constituição Federal e a Lei Orgânica de Assistência Social. Ou seja: Lula nada mais faz do que cumprir as regras do jogo. Se fosse outro o presidente, as verbas teriam que ser repassadas do mesmo jeito.

Lula ainda criticou o fato de que "nenhum" governador implantou projetos semelhantes ao programa Bolsa-Família, com o intuito de ajudá-lo no combate à pobreza. Também não é verdade, como observou corretamente Nogueira. Em nove dos 27 Estados, há programas de combate à pobreza. São Paulo é um deles. Chama atenção o fato de que nenhum dos que têm programas sociais seja governado pelo PT.

É por essas e outras que uma pergunta não se cala: quanto vale a palavra do presidente?

*Milton Flávio é professor de Medicina da Unesp, deputado estadual pelo PSDB e vice-líder do governo na Assembléia Legislativa de São Paulo

www.miltonflavio.org

miltonflavio@al.sp.gov.br

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