O movimento rotatório das massas cromáticas atua como exorcismo para Jairo Cavalcante

Museu de Arte do Parlamento de São Paulo
03/12/2007 09:06

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Jairo Cavalcante<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/Jairo Cavalcante.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial viu triunfar a arte abstrata em todos os países, após lutas e vivas controvérsias, através de personalidades e correntes as mais diversas e, na maioria das vezes, opostas. Inúmeras fases se sucederam, diversas estéticas se afrontaram sob o signo da abstração, que se revelou nos anos seguintes de uma fecundidade extraordinária.

No Brasil, após a criação da Bienal Internacional de São Paulo por Ciccillo Matarazzo, nos anos 1950, surgiu de início um grupo de artistas abstratos geométricos que se denominou Grupo de Arte Concreta. Daí por diante, o abstracionismo se desenvolveu nos sentidos mais diversos.

No caso de Jairo Cavalcante, sua pintura é matérica e bem solar. No interior de seus temas encontramos quase um movimento rotatório das massas cromáticas. Com efeito o "dado naturalista" permanece sempre, apesar de assumir valores diversos daqueles pesquisados pelos impressionistas franceses.

A desigualdade de tensão das superfícies pintadas pelo artista em todas as suas partes é sem dúvida causa de uma intranqüilidade. Ao examinar o detalhe da obra e enfrentar o combate do pintor operando sobre a tela, aflora em sua pintura certa opressão intelectual. Entretanto, dela procura se libertar através de uma espécie de exorcismo que ataca cada vez que a operação criativa não o satisfaz.

A luz, a solaridade, os reflexos são, entretanto, características importantes na pintura de Jairo Cavalcante. É exatamente na sensibilidade da matéria pictórica que o artista oferece suas provas superiores de ação artística.

Na obra A Dançarina, doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, o tema parece não ser tão importante: importante, sim, é a própria pintura e o fato de criá-la.

O artista

Jairo Cavalcante nasceu na cidade Ipaussu, no interior do Estado de São Paulo, em 1972. De família simples " pai motorista e mãe cozinheira ", com um ano de idade mudou-se para Ourinhos e a partir dos quatro anos fixou residência em São Paulo.

Autodidata, aos 25 anos de idade descobriu a arte por acaso e desde então passou a viver dela. Passou duas temporadas em Portugal, onde pintou mais de 500 telas.

Atualmente vive no bairro de Itaguá, em Ubatuba, onde administra e cozinha no seu bistrô-ateliê, promovendo contínuas exposições.

Possui obras em diversas coleções particulares no Brasil, em Portugal e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp