O rolo compressor de Pindamonhangaba

Opinião
15/03/2006 19:38

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Romeu Tuma<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/RomeuTumaJr.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Com a definição do PSDB em indicar o governador Geraldo Alckmin como candidato à Presidência, São Paulo se livra de um problema. Mas o Brasil ganha um outro bem maior. A insana disputa interna com o prefeito de São Paulo, José Serra, para conquistar o direito de concorrer ao cargo máximo do país revelou como o homem de Pindamonhangaba não economiza esforços em chegar onde quer. Age como um verdadeiro rolo compressor, que não tem quaisquer limites quando seus interesses estão em jogo.

A pose de bonzinho esconde um sujeito inescrupuloso, ligado a setores radicais da igreja católica, que governou São Paulo nos últimos seis anos como um grande ditador. Nesse tempo todo, passou sobre o Parlamento como bem entendeu. Fez da Assembléia Legislativa uma Casa servil, pronta para aprovar ou rejeitar tudo do jeito que ele queria. Quando algo lhe escapava ao controle, ou se algum projeto que não lhe agradava fosse aprovado, ele sempre utilizava a caneta para vetar. Foram poucos os parlamentares que, como eu, disseram não à tucanada e deram a cara para bater mostrando, neste tempo todo, as mazelas do poder.

Coincidentemente, uma das únicas derrotas de Alckmin ocorreu há exato um ano. Em 15 de março de 2004 ele perdeu o comando da Assembléia Legislativa, quando o deputado Rodrigo Garcia (PFL) venceu a disputa pela presidência da Casa contra o candidato tucano. E isso só ocorreu devido à ganância do governador, que acredita estar acima de tudo ou de todos.

Além de dar as cartas no Estado, Alckmin " já há alguns meses - percorre o Brasil como candidato. Desta forma, propaga por aí afora o que julga serem seus méritos, ignorando as mazelas que vem proporcionando a São Paulo. Esquece-se de que foi e continua sendo uma nulidade quando se trata de segurança pública. Apresenta números irreais sobre a violência. Tenta passar a imagem de um Juscelino Kubitscheck melhorado - o que nem de longe se traduz em verdade.

A saída oficial de Alckmin do Palácio dos Bandeirantes acaba sendo positiva para São Paulo, que terá os últimos oito meses desta gestão nas mãos de outro partido, algo que não ocorre há quase 12 anos. O vice-governador Cláudio Lembo (PFL) logicamente vai herdar a máquina tucana. Longe de ser um adversário do homem de Pindamonhangaba, foi neste tempo um fiel vice. Mesmo assim, terá condições de reverter alguns erros, que se propagam com o império do PSDB em São Paulo.

Sem a máquina estadual totalmente em suas mãos, os tucanos " com certeza " terão grandes dificuldades em mais uma vez garantir um nome para a sucessão no Estado. Salvo algum coelho que tenham na cartola, crescem as chances de partidos como o PMDB, PT e PFL ficarem com o Governo do Estado. Isso se dá, principalmente, pela forma centralizadora e totalitária de Alckmin administrar. No poder, não se preocupou em formar algum quadro para sua sucessão. Apenas trilhou um caminho para que possa tentar se habilitar ao lugar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O próprio prefeito José Serra, que aparece melhor nas pesquisas e é um excelente jogador, foi massacrado pelo governador. Perdeu espaço no partido e " mesmo sem querer " seguirá prefeito de São Paulo até 2008, se Alckmin assim desejar. Os próximos dias mostrarão.

Agora cabe a São Paulo mostrar ao Brasil a verdadeira face do homem de Pindamonhangaba, de forma que ele seja apenas um figurante na corrida presidencial sem chances de chegar ao Palácio do Planalto. Caso ele consiga iludir o eleitorado, o país passará maus bocados nos próximos quatro anos, estando à mercê de um verdadeiro ditador. A campanha mal começou. Cabe às pessoas de bem revelarem quem é este Geraldo Alckmin.



*Romeu Tuma é delegado de Classe Especial da Polícia Civil, deputado estadual (PMDB), ex-presidente e atual integrante da Comissão de Segurança Pública, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e Corregedor da Assembléia Legislativa de São Paulo

alesp