Constituídas de elementos simbólicos as memórias transfiguradas de Paulino Lazur

Emanuel von Lauenstein Massarani
28/08/2003 11:14

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Obra Passante<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/PaulinoT Lazur - Passante.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paulino Lazur<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/PaulinoT Lazur.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Os quadros de Paulino Torrubia Lazur se assemelham a memórias transfiguradas onde a lembrança de uma imagem vista e admirada, degustada lentamente, se dilui numa espécie de saudosa dissolvência na qual intervêm e se fundem em transparência as motivações reais. Esse procedimento memorativo se vale de sutis atmosferas permeadas de luzes quentes e tem, em contraponto, elementos simbólicos que tem longínquas origens sentimentais, em parte literárias e em parte étnicas.

O artista não esquece a lição dos simbolistas franceses, que desde a poesia de Mallarmê ("sempre aludir, nunca revelar completamente as coisas") à pintura de Olivier Redon (onírica e sonhada) alcança certos êxitos bem atuais, onde a transposição da linguagem, em chave alusiva, é procedimento habitual.

Por outro lado, seria lícito falar também de um valioso componente, sua origem espanhola e mais precisamente catalã, no sentido de uma declinação bem própria na interpretação dos dados naturais. Trata-se de uma maneira de envolver o tema num " clima " liricamente suspenso. Aqui também os suportes alcançam um amplo raio de ação. Bastaria citar o fascínio que sempre suscitou a pintura sobre os espanhóis, perfeitamente consentânea ao seu temperamento, a exemplo de Dali, Picasso, entre tantos outros.

Os quadros de Paulino Torrubia Lazur representam uma paleta rica de cores, paisagens imaginárias mais próximas da abstração que da pintura figurativa. O artista encontra sua inspiração nas novas técnicas de imagem, mesmo guardando o espírito suficientemente aberto para poder se encantar com o amanhecer. Seu otimismo nos faz lembrar que a arte existe também para celebrar a beleza do mundo. Ele cria espaços que existem inicialmente no seu subconsciente. Suas obras são, antes de tudo, uma expressão do espaço.

Na obra " Passante ", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, Lazur encontrou expressões técnicas e construtivas de nova estruturação e idealização. Num clima de abertura ideal, digno de um artista maduro e de sólidas bases, Lazur soube ainda encontrar soluções à sua inspiração plástica de forte contraste cromático.

O Artista

Escultor, pintor e desenhista, Paulino Torrubia Lazur, nasceu em Barcelona, Espanha, no ano 1949. Mudou-se com a família para o Brasil em 1955, fixando residência em São Paulo, e posteriormente, em Guarulhos onde possui seu atelier. Formou-se pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo em 1979. Herdou de seu pai, artesão, a intimidade e a sensibilidade no trato da madeira, matéria-prima constante em suas criações.

Desde 1977, tem realizado diversas exposições individuais e coletivas, na cidade de São Paulo e em inúmeras cidades brasileiras. Recebeu várias premiações, entre elas no 1º e 2º Salão de Artes Plásticas da Grande São Paulo 1985 e 1986, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura.

Em 1995, Lazur ganhou o Prêmio de viagem ao exterior, afim de participar da mostra "México-Brasil e Cuba", realizada em Havana. Neste mesmo ano, participou no exterior de várias mostras coletivas em Amsterdã, Barcelona e Havana, além de ganhar os concursos "Projeto Phillips" e "Revista Veja", promovidos pela empresa Meta 29, realizando um Mural no Aeroporto Internacional de São Paulo em Cumbica, e outro no Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Paulino Lazur em 1997, cria a escultura para o prêmio "Carro do Ano" oferecido pela Revista Motor Show, da Editora Três, que é distribuído anualmente. No ano 2000, realizou para a mesma editora, a escultura para o Prêmio "Gente de Expressão", oferecido pelas revistas "Isto É", "Isto É Gente" e "Dinheiro".

Em 2001, Lazur é convidado a participar com trabalhos de escultura em duas importantes mostras em São Paulo: "Arte Hoje", inaugurando a Galeria Arvani Arte, e "4 Décadas", coletiva de reinauguração da Nova André Galeria de Arte & Cultura, participando posteriormente em 2002, da exposição de pinturas "Abstratos", sob a curadoria de Carlos von Schmidt. No mesmo ano, integrou a coletiva dos "16 ANOS", da Almacén Galeria, no Rio de Janeiro. Em 2003, participou como artista convidado da exposição inaugural da Diretriz Arte Contemporânea.

Suas obras fazem parte de diversos Acervos, em São Paulo e no Brasil, de diversos espaços e instituições culturais, entre elas o Instituto Takano de Cultura, Instituto Cultural Yázigi Internexus, Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador e Museu de Arte Contemporânea de Americana; e importantes galerias de arte. Atualmente, Lazur dedica-se à pesquisa de objetos bidimensionais e tridimensionais na criação dos chamados Objetos-Arte.

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