As líricas atmosferas de Celina Lima Verde constituem a base de uma realidade sonhada

Emanuel von Lauenstein Massarani
25/08/2003 14:00

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Celina Lima Verde <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Celina L Verde.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra Sortilégio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/hist/Celina L Verde Sortilegio.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Pintora de genuína intuição, os quadros de Celina Lima Verde nos parecem o resultado de uma arte ainda não traída, de fato não repensada, feita com um pincel vivo de cor. Trata-se de uma pintura não técnica, mas densa de pinceladas, que fundem líricas atmosferas e criam leituras imediatas.

A artista aproxima os temas e escolhe argumentos de uma relação de coisas e de situações próximas a um mundo onde a cultura ainda não se tornou abstrata. Os vultos femininos, os pássaros, os anjos, as flores, as paisagens, as árvores, o vento são os ingredientes de sua predileção.

É uma pintura sem traços de contorno, com um cromatismo filtrado e envolvido por uma certa melancolia. É a juventude que volta, revivida e inserida entre as pinceladas como um momento de repensar as coisas do presente. Sua obra é rica em efeitos cromáticos, de tons vivos, improvisados e luminosos, como momentos de certeza na mais nebulosa lembrança de uma realidade sonhada.

"O traço artístico de Celina Lima Verde é fundamentalmente nostálgico - diz com muita propriedade o escritor Leo Gilson Ribeiro - suas figuras dialogam com o mistério, envoltas numa bruma toda feita de memória, de evocação, de saudade. Imagens que o tempo cristaliza em prismas de finíssima coloração filigranada, os anjos e os seres humanos se miram, se interrogam mutuamente, se enlaçam num arrebatamento audaz. Fiel a tantos e tantos anos de dedicação à pintura, ao desenho, a artista parece agora ter transposto, com coragem, uma nova fronteira. Com isso suas criações não têm o acabamento de uma obra estática: adquirem uma dimensão maior, a do serenamente inacabado."

Na obra Sortilégio, doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, Celina Lima Verde exprime através da cor seu estado de alma, acena uma figura em diálogo mudo, pensativo e cria uma atmosfera de sonho na paisagem fantástica.

A Artista

Celina Lima Verde, pseudônimo artístico de Celina Lima Verde de Carvalho, nasceu em Fortaleza, Ceará, no ano de 1940. Transferiu-se com sua família para o Recife em 1942, onde viveu e trabalhou até 1964. A partir de 1954, integrou-se ao atelier coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife, onde começou a desenhar sob a orientação de Abelardo da Hora. Trabalhou intensamente conquistando em 1956 um prêmio especial de desenho e três primeiros prêmios de desenho no Salão do Museu do Estado nos anos de 1957, 1959 e 1960. A partir de então, sua realização e participação em exposições individuais e coletivas tornou-se uma constante. Em 1964 mudou-se para São Paulo onde reside e trabalha até hoje. Executou ilustrações para livros e revistas, trabalhando na Editora Abril, no período entre 1964 e 1976.

Realizou as seguintes exposições individuais: Instituto de Arquitetos do Brasil, Recife, PE (1958); Galeria de Arte do Recife, PE ((1964); Casa do Artista Plástico, SP (1965); Galeria Azulão, SP (1969); Tora Ipanema, Rio de Janeiro RJ (1971); Galeria O Sobrado, SP (1972); Galeria Emy Bonfim, SP (1976); Galeria Gerot, SP (1982); Espaço Evasion Arte, SP (1989).

Participou ainda de inúmeras exposições coletivas, destacando-se entre elas: "XV, XVI, XVIII e XIX Salão Anual de Pintura", (1957, 1958, 1960 e 1961); "I Feira de Arte", Sociedade de Arte Moderna do Recife; "I e III Panorâmica de Artes Plásticas de Pernambuco", Recife, PE (1959, 1964 e 1965); "II Exposição do Jovem Desenho Nacional", SP; "I e II Salão de Arte Contemporânea", Campinas, SP (1965 e 1966); "XV e XVII Salão Paulista de Arte Moderna", SP (1966); "IX Bienal de São Paulo", SP; "Salão de Curitiba", PR; "Salão de Belo Horizonte", MG; 4º Circulo Italiano, SP (1968) "II Bienal Nacional de Artes Plásticas", Salvador BA; (1969); "I Encontro de Arte", Jundiaí SP, (1970); "Pré-Bienal de São Paulo", MAM, SP, (1972 e 1974); "Salão do Desenho Brasileiro", Campinas SP (1975); "VI Encontro Jundiaense", Jundiaí, SP (1977); "Arte Show" Chapel School Mary Imaculate, SP (1984); "I Salão Nacional de Aquarela", Faculdade Santa Marcelina, SP (1989); " Sociarte", Teatro Municipal, Mariana, MG (1991 a 1999); "Sociarte", Clube Monte Líbano, SP.

Realizou diversas exposições no exterior nos seguintes Salões: Certamen Internacional do Dibujo Joan Miró, Barcelona, Espanha (1975); Art Export Armory, Washington Dc, Estado Unidos (1981); "Gravura Luso-BrasileiraF", Galeria de Arte do Estoril, Portugal (1985); "Portugueses d'alem mar", Feira Internacional de Lisboa, Portugal (1986).

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