Foi lançado nesta segunda-feira, 15/4, no auditório Paulo Kobayashi, por iniciativa da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça e apoio da Comissão da Verdade Rubens Paiva, o programa Clínicas do Testemunho. O programa iniciou também em São Paulo as Conversas Públicas, para promover a apresentação detalhada da metodologia de atendimento e apoio psicológico às vítimas da ditadura militar. O evento terá cinco edições: em São Paulo, no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. As conversas serão abertas ao público. A edição de São Paulo foi coordenada pelo presidente da Comissão Rubens Paiva, Adriano Diogo (PT), e contou com a participação da conselheira da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Rita Sipahi, representando o presidente da entidade, Paulo Abrão, do presidente do Instituto Projetos Terapêuticos, Moisés Rodrigues da Silva Júnior, do psicanalista membro da Clínica do Testemunho Projetos Terapêuticos do Rio de Janeiro, Eduardo Losicer, e da cineasta Marta Nehring, autoria do documentário 15 Filhos, em parceria com Maria Oliveira, sobre filhos de pais guerrilheiros assassinados durante a ditadura (exibido durante a reunião). "A justiça de transição é um conjunto de abordagens com o objetivo de atribuir as responsabilidades devidas para garantir a não repetição das atrocidades cometidas na época", afirmou Rita Sipahi. Ela explicou que a ideia da abordagem terapêutica dos torturados começou com um trabalho realizado com ex-presas políticas e as experiências que elas vivenciaram. Marcas no corpo e na alma Segundo Rita, o impacto real das marcas no corpo e na alma das pessoas ainda não é plenamente conhecido, muito menos estudado pelos profissionais da área. "O programa Clínicas do Testemunho permitirá uma possível reparação psicológica e o restabelecimento da verdade histórica", disse. Para o secretário municipal de Direitos Humanos de São Paulo, Rogério Sotilli, estamos entrando numa nova etapa, que é o reconhecimento das violações dos direitos humanos para que se produza um "Nunca mais". Moisés Rodrigues acrescentou que, após o reconhecimento da violência praticada pelo Estado, a clínica pode finalmente inaugurar espaços para conversas públicas para que aqueles "tempos velados" possam vir à tona. Eduardo Losicer disse que os direitos humanos têm a capacidade de tocar as pessoas e despertar a vontade política, gerando novas formas de militância. Da segunda mesa de debates da reunião participaram Issa Mercadante, Maria Beatriz Vanuchi, Pedro Antunes, Rodrigo Blum, Marta Azzolini e Cristina Herrera, profissionais ligados à área da saúde mental. Os debatedores responderam perguntas da plateia sobre o programa Clínicas do Testemunho, que, além de atender as vítimas de tortura, visa capacitar profissionais para atuação em demandas específicas desse tipo de violência. Para participar das Clínicas do Testemunho é necessário fazer a inscrição até o dia 30 de abril pelo e-mail clinicas.testemunho@mj.gov.br Mais informações no blog: http://blog.justica.gov.br/inicio/clinicas-do-testemunho-promoverao-atencao-psiquica-as-vitimas-da-ditadura-no-brasil