A realidade da juventude negra e, especificamente, da jovens negras foi amplamente discutida, no dia 23/5, na Assembleia Legislativa. Realizado por iniciativa da deputada Leci Brandão (PCdoB) e pela Comissão de Direitos Humanos, em parceria com o coletivo de literatura feminina Louva Deusas e apoio do Geledés " Instituto da Mulher Negra e do SOS Racismo, o evento reuniu cerca de 150 pessoas. Sob o título Jovens Negras - Temas e Dilemas, o encontro apontou e debateu os principais problemas enfrentados pelas adolescentes e jovens negras em seu cotidiano. Dividido em três momentos, o seminário discutiu temas como a inclusão no mercado de trabalho, o acesso à escola, a violência e a saúde reprodutiva. A mesa de abertura foi composta pela deputada Leci Brandão, Nilza Iraci (presidente do Geledes - Instituto da Mulher Negra), Juliana Borges (representante da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de São Paulo), Gislei Monteiro (SOS Racismo) e Jackeline Romio (Coletivo Louva Deusas). Em sua saudação, Leci destacou o papel fundamental da população negra na construção e formação do país e lamentou que, ainda hoje, o povo negro ainda se veja obrigado a discutir e lutar pela inclusão e pela igualdade. Direitos reprodutivos Jovem Negra e direitos sexuais reprodutivos foi o tema da primeira mesa, composta por Doné Oyacy (vice-presidente da Omaquesp e Ialorixá do Ylê Axé de Yansã), Edna Roland (Secretaria de Igualdade Racial de Guarulhos), Catiara Oliveira (especialista em Direitos Sexuais) e Nilza Iraci (Presidente do Geledes - Instituto da Mulher Negra). A exploração do corpo da mulher negra foi uma questão levantada por algumas das palestrantes. Edna Roland resgatou a história do movimento de mulheres e de mulheres negras que, desde a década de 80, vem lutando por melhores condições de vida e direitos. Catiara Oliveira aprofundou a questão e falou do aborto praticado de forma insegura, problema que afeta mais as jovens negras, assim como o preconceito dentro das unidades básicas de saúde. Doné Oyacy por sua vez abordou a questão da política do encarceramento que tem como principal vítima o jovem negro, mas que causa danos às mulheres que, ao visitarem os parentes em presídios, sofrem constrangimento. Jovem Negra e o Trabalho foi o tema da segunda mesa, composta por Rosângela Malachias (NEINB) e Cida Bento (CEERT). O papel da mídia na reprodução e consolidação de estigmas e preconceitos que têm como principal vítima a população negra e a mulher em especial foram fatores apontados por Rosangela. A pesquisadora salientou a importância da democratização dos meios de comunicação para mudar esse cenário. A coordenadora do CEERT, Cida Bento, destacou a luta do movimento negro para conquistas como o Estatuto da Igualdade Racial e cotas nas universidades públicas. Ela ressaltou que no mundo do trabalho ainda há muito a ser conquistado quando se trata de relações raciais. Diálogo e Literatura Negra Feminina foi o tema da mesa de encerramento, composta por Elis Regina, Luana Tolentino, Erenacy Martins e Juliana Queiroz, do Coletivo Louva Deusas, e as escritoras Lina Efigênia e Marilene Paré. lecibrandao@al.sp.gov.br