Como parte de uma série de debates que pretende ampliar o acesso à informação e a educação política das brasileiras, a Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil (Libra) promoveu nesta quinta-feira, 15/4, um encontro com o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), abordando o tema As Exigências de Mudanças Estão nas Ruas do País. "Esse evento é um estímulo à luta por maior participação política e reconhecimento da força feminina. É importante a mobilização para discutirmos temas importantes para o país", assinalou, na abertura do evento, a deputada Maria Lúcia Amary (PSDB), 1ª vice-presidente da Assembleia Legislativa. Em sua palestra, o senador Álvaro Dias relacionou as manifestações populares de 15 de março e 12 de abril, em todo o país, aos comícios das Diretas-Já. "Vi nas manifestações a repetição do fenômeno das pessoas que surgiam espontaneamente nas ruas para pedir mudanças", ele observou. Para o senador, a banalização da corrupção foi um desserviço prestado à nação pelos governos dos últimos 13 anos, resultando em uma crise política, econômica e sobretudo ética. Assim se instituiu um modelo de relacionamento, que ele definiu como promíscuo, entre os Poderes constituídos, com prejuízo da população e do atendimento aos serviços básico, como educação e saúde. "A causa maior da insatisfação popular, a matriz de todos os problemas, é um modelo de gestão com o aparelhamento do Estado a serviço de um grupo e de um projeto de poder de longo prazo. Assim nasceu o mensalão", afirmou Dias. Um retrato dessa situação, de acordo com o senador, é o número atual de ministérios - 39 -, que ele considera excessivo e inviabilizador da administração. E a saída apontada pelo parlamentar são as reformas. "Desde o Plano Real, não se deu um passo adiante em matéria de reformas", como a tributária e a do sistema federativo, exemplificou. E as propostas de reforma não devem se limitar ao Poder Executivo, mas alcançar também o Legislativo e o Judiciário, afirmou Dias. Ele destacou projetos apresentados por ele no Congresso que reduzem a dois o número de senadores por Estado e que, mantendo o atual teto de 70 deputados e o equilíbrio da proporcionalidade representativa, diminui em 20% o número de deputados federais. Essa tese de redução proporcional deveria estender-se a Estados e municípios, resultando em "um Legislativo mais enxuto, mais econômico e mais qualificado". "Vejo [nas manifestações] o nascimento de uma população mais consciente e politizada, o que ressuscita nossas esperanças. Temos que combater quem desonra o Poder Público, mas não as instituições nas quais estão fincados os pilares da democracia", concluiu Álvaro Dias. O encontro contou ainda com a participação da deputada Célia Leão (PSDB) e da presidente da Libra, Marta Lívia Suplicy, além de outras dirigentes e integrantes da entidade.