Especialistas ligados à saúde da mulher estiveram reunidos em uma audiência pública, na última terça-feira (7/11), para discutir formas de diminuir as situações de violência que muitas mulheres enfrentam na hora do parto. A reunião, proposta pela deputada Leci Brandão (PCdoB), ocorreu no auditório Teotônio Vilela. Segundo a deputada, a intenção do encontro foi formular um projeto de lei para o tema. "A violência obstétrica é algo que acontece todos os dias. Estamos vivendo um momento sublime, dar à luz é algo muito singelo, você não pode tratar a chegada dessa vida de qualquer modo, você precisa ter respeito acima de tudo", disse. A violência obstétrica pode acontecer de diversas maneiras, como falta de informação sobre os procedimentos que serão realizados nos trabalhos de parto, agressões físicas ou verbais, entre outros. A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda um índice de cesáreas de 15% na iniciativa privada, mas no Brasil esse índice chega a 80%. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com maior número de cesáreas no mundo. Para a promotora Fabiana Paes, faltam autonomia e conhecimento desses procedimentos para as mulheres. "Em uma das primeiras audiências públicas sobre esse tema, foram verificados relatos de mulheres submetidas a oito toques sucessivos, como se elas fossem um objeto de estudo. Se ela foi tocada em excesso, há uma violência obstétrica", disse. Para Paes, definir políticas públicas com o Ministério Público é uma maneira de evitar esse tratamento com as mulheres. Outro ponto desconhecido é uma legislação existente desde 2005. "Ela atinge as mulheres em todas as camadas sociais, a lei do acompanhante não saiu do papel em muitos lugares", declarou. A integrante da área técnica da saúde da mulher da secretaria estadual Sandra Cason diz que o número de denúncias de violência obstétrica vem aumentando. "Nós temos buscado atuar junto a hospitais e profissionais como uma alternativa de acabar com isso", disse.