O auditório Paulo Kobayashi recebeu na quinta-feira (9/8) uma audiência pública para discutir as doenças ocasionadas pelo diabetes, em especial a retinopatia. São cerca de 150 mil casos ao ano, segundo o Hospital Israelita Albert Einstein. A retinopatia diabética (RD) surge a partir do descontrole da glicemia, afetando pequenos vasos da retina - responsável pela formação das imagens enviadas ao cérebro - de ambos os olhos. Se não for diagnosticada e tratada precocemente, a doença poderá levar à cegueira irreversível. Segundo o secretário geral da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) Arnaldo Bordon, o controle da doença deve fazer parte de um ciclo harmonioso entre conscientização, prevenção, rastreamento e educação continuada. O médico explicou que cerca de 12% dos pacientes portadores de retinopatia já chegam cegos nas consultas. O diagnóstico é feito por meio de mapeamento da retina. "Muitas vezes as pessoas costumam dizer que enxergam bem, mas possuem a doença. Não existe o costume de fazer o exame de fundo de olho", comentou. Ele ainda alertou para a perspectiva do crescimento no número de diabéticos no país, em uma estimativa de 23,3 milhões até 2040. "O sistema público demora de três a seis meses para realizar uma consulta, enquanto no privado pode ser no mesmo dia ou até em um mês. Temos médicos capacitados e equipamentos, mas nossos desafios são a agilidade e a prevenção das complicações", disse. A coordenadora de advocacia da Associação de Diabetes Juvenil Diabetes Brasil (ADJ), Vanessa Pirolo, considera o diagnóstico precoce e o monitoramento fundamentais para evitar a retinopatia. "Sabemos que 90% dos diabéticos possuem o tipo 2 da doença. A partir da adesão ao tratamento e da educação, é possível ter uma vida plena, sem complicações", declarou. Na análise da médica e coordenadora do projeto de Implantação da Política Nacional de Assistência Integral à Pessoa com Doenças Raras no Estado de São Paulo, o sistema médico é capaz de absorver a demanda. "A linha de cuidados com o diabetes prevê periodicidade da avaliação oftalmológica. Os profissionais estão disponíveis nos 57 Ambulatórios Médicos de Especialidades (AMEs), que diagnosticarão e indicarão o tratamento necessário", afirmou. Além dos citados, a mesa foi composta pela médica voluntária da ADJ Denise Ludovico, a fundadora da Retina Brasil e da Retina São Paulo Maria Júlia Araújo, o representante do deputado Chico Sardelli (PV) Paulo Turci, o diretor regional da Federação Paulista de Handebol Reinaldo Barreiros e a secretária técnica da Secretaria de Saúde do Estado Simone Keiko Shiine.