Nestas próximas semanas, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados. Depois de seis meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete? A entrevista desta edição é com o deputado Marcos Zerbini. Os últimos meses Nesta legislatura está acontecendo um acentuamento da divisão do nós contra eles. E não acho que isso contribua em nada para a Casa e nem para o Estado. Estão sendo discutidas muitas questões de cunho pessoal, de costumes, de comportamento ético e moral. O pessoal mais antigo, como eu, está um pouco assustado com essa postura de alguns parlamentares novatos. Do ponto de vista pessoal, eu dialogo com todos os colegas e não tenho problema ou dificuldade de relação, mas eu acho muito ruim quando essa discussão vai ao Plenário. Eu acho que o Brasil e o mundo estão precisando de pontes e não de muros. E alguns tipos de discussão criam muros e não pontes. Ou começamos a dialogar e procurar o que há de comum entre as pessoas, naquilo que se pode somar, ou iremos caminhar cada vez mais divididos, cheios de ódio e rancor, estimulando a violência. Acredito muito no diálogo. Projetos, legado e futuro O que temos buscado é uma relação cada vez mais próxima com o Estado para a criação de políticas que incentivem a habitação popular. Porque o Estado sozinho não resolve um problema tão grave como esse. Eu acredito que cada vez mais temos que buscar iniciativas que coloquem a sociedade civil e o Estado juntos para procurar soluções. O trabalho que desenvolvemos vai nesse caminho da população se organizar, comprar coletivamente grandes áreas de terra para fazer loteamento de interesse social e conjuntos habitacionais, doando o terreno ao Estado para que ele possa executar as construções. A ideia é que isso aconteça de uma forma mais célere, em maior grau e maior nível. Um dos meus principais projetos vai nessa direção e autoriza o Estado a receber terrenos para construção de habitação popular, com ônus de determinar que a demanda para ocupar essas unidades habitacionais seja da entidade que faz a doação ao Estado. O grande problema na capital e nas regiões metropolitanas é encontrar terra, então quando você tem uma entidade, que pode ser um sindicato, uma associação ou uma cooperativa, que cede a área para o Estado, nada mais justo que ela possa determinar qual é a demanda que vai ser atendida pelo programa habitacional. A demanda no sentido de quais as pessoas serão beneficiadas nas unidades. Hoje a legislação diz que aquilo que o Estado produz, por exemplo, a CDHU, tem que ir para sorteio e todas as pessoas se inscrevem. Se esse grupo de pessoas já está contribuindo doando o terreno, nada mais justo que eles sejam os beneficiados. São pessoas que se enquadram dentro das regras determinadas pela CDHU e pela Secretaria de Habitação. Meu projeto está pronto para ser votado na Casa. Inspiração e referências A figura essencial da minha vida foi o governador Mário Covas, um exemplo de homem público. O Covas era uma pessoa extremamente polêmica porque sempre foi ele mesmo. Não disfarçava, não usava máscaras. Quando tinha que te xingar e brigar, ele fazia isso e quando tinha que te abraçar, te abraçava. Eu participo de um movimento da Igreja Católica que se chama "Comunhão e Libertação" e uma das pessoas que mais me inspiram é o seu fundador, o padre italiano Luigi Giussani, e também o atual responsável pelo movimento, o padre Julián Carrón, um espanhol que continua levando à frente esse trabalho. É um movimento da Igreja que tem como base a crença de que Cristo continua vivo no mundo e através das pessoas Ele se manifesta, prestando atenção à realidade e respondendo a ela que fazemos um caminho humano adequado. São pessoas que me inspiram a fazer da vida vocação e serviço.