Nesta quarta-feira (19/5), São Paulo celebra a Semana Estadual de Doação do Leite Materno, que reforça para a necessidade de campanhas de conscientização, sensibilização e publicidade sobre o tema. A medida, definida por meio da Lei 16.284/2016, de autoria do ex-deputado Welson Gasparini, tem por finalidade gerar reflexão sobre a importância da doação de leite materno com a realização de debates, palestras, seminários e a promoção de iniciativas para aumentar o número de doações. Em 2020, o maior banco de leite humano do Estado, pertencente ao Hospital Maternidade Leonor Mendes de Barros, centro de referência da Grande São Paulo, passou a operar com apenas 10% da quantidade adequada, consequência da queda de cerca de 60% do número de doações devido a pandemia da Covid-19. Os números divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde revelam que o hospital precisou trabalhar com 10 litros de leite por mês, quantidade suficiente para atender a Unidade Neonatal por apenas 3 dias, sendo que o volume ideal é de 50 a 100 litros. Seja qual for a fase de amamentação, toda mulher é apta a doar, desde que não possua nenhuma doença infectocontagiosa transmitida pelo leite. É o que explica a enfermeira e consultora de amamentação Bruna Grazielle. Além disso, a lactante não pode fazer uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação, álcool, drogas ilícitas ou fumar mais de dez cigarros por dia. A enfermeira também conta que não existe uma quantidade mínima para doar. "Qualquer gota conta. Um litro de leite materno doado, por exemplo, pode alimentar até 10 recém-nascidos por dia. Dependendo do peso do prematuro, 1 ml já é o suficiente para nutri-lo cada vez em que ele for alimentado", disse. De acordo com a profissional, as crianças não amamentadas têm mais chances de desenvolver doenças respiratórias, obesidade, diabetes e câncer. O processo de amamentação e, consequentemente, de doação do leite materno, não beneficia apenas o bebê. Amamentar também reduz o risco de câncer de mama, câncer de útero, ovário, diabetes e pressão alta. Além disso, a extração do leite também ajuda a aumentar a produção. Na Alesp, o Projeto de Lei Complementar 59/2019, de autoria do deputado Major Meca (PSL), assegura um dia de afastamento imediato à servidora pública, civil ou militar do Estado que comprovar a doação de leite materno durante a licença maternidade. "A intenção é estimular o sentimento altruísta de todas as mulheres que, afortunadamente, tenham produção excedente de leite durante o aleitamento de seus filhos", justificou. Atualmente a proposta se encontra em análise pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Benefícios à saúde A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) recomenda que a amamentação se inicie na primeira hora de vida do bebê e seja a única forma de alimentação até os seis meses de idade. Após esse período, outros alimentos poderão ser incluídos na dieta, entretanto, a amamentação deve fazer parte da rotina da criança até os dois anos de idade. Bruna Grazi explica que o leite materno contém fatores bioativos que possuem benefícios que duram a vida inteira. "Agentes biólogos que a fórmula não possui", disse. O alimento também protege o bebê contra infecções, diarreias, doenças respiratórias, otites, e diminui a chance de a criança desenvolver, no futuro, doenças como obesidade e diabetes.