Soberania nacional. Respeito à diversidade de ideias, culturas e etnias. Distribuição equilibrada de recursos entre regiões e classes sociais. Esses são alguns dos objetivos do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) que, na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo é representado por nove parlamentares. Além de ter a terceira maior bancada da Alesp, a sigla ocupa também a Presidência da Casa por meio do deputado Carlão Pignatari. Fundada no dia 25 de junho de 1988 por dissidentes do PMDB, atual MDB (Movimento Democrático Brasileiro), a legenda trabalha, segundo seu estatuto, pelo desenvolvimento harmonioso e pela construção de uma ordem social justa e garantida pela igualdade de oportunidades. O programa partidário aborda ainda a necessidade de "mais governo e mais mercado". Essa teoria também rege a atuação de alguns parlamentares filiados à sigla. "O PSDB defende os valores que eu acredito. A social democracia, o auxílio aos mais pobres, a defesa da educação e da ciência. O PSDB é um partido liberal, mas que só enxerga o desenvolvimento econômico atrelado ao desenvolvimento social", afirmou Analice Fernandes, que está no partido há mais de 20 anos e é sua atual líder no Parlamento paulista. Já Marcos Zerbini entrou no PSDB influenciado pela relação que tinha com Mário Covas, um dos fundadores da legenda, mas permaneceu por se identificar com os ideais da sigla. "Acredito, como bandeira política, na social democracia, um Estado um pouco mais enxuto e preocupado com o social", disse. Dra. Damaris Moura se filiou ao PSDB a convite de outros integrantes da legenda após a extinção do PHS (Partido Humanista da Solidariedade), partido pelo qual foi eleita. Além disso, a identificação com os ideais e propostas políticas da sigla foram fatores que contribuíram para a decisão. De acordo com os parlamentares, os representantes do PSDB no Parlamento paulista se reúnem semanalmente para discutir pautas e proposições que estão em tramitação na Casa. Os encontros periódicos também têm a finalidade de atualizar a bancada sobre decisões e projetos do governo do Estado, do mesmo partido. Na pandemia, as reuniões passaram a acontecer de maneira virtual. Modalidade que, na opinião de Analice, pode ter vindo para ficar. "Mudou com a pandemia, mas não deixa de ser uma maneira muito interessante. Acredito que quando tudo isso passar, voltaremos a nos reunir pessoalmente, mas também poderemos recorrer ao virtual quando for necessário", disse ela. Decisões Os correligionários entrevistados concordam ter liberdade dentro do partido no que diz respeito às votações. "O meu partido é extremamente democrático na tomada de decisões e na participação representativa de seus filiados", afirmou Damaris. Analice explicou que os temas são discutidos e os posicionamentos definidos durante as reuniões e que, após a análise de todos os pontos, os parlamentares podem optar por ter uma postura independente sobre determinados assuntos. "O diálogo e o debate sempre são o melhor caminho para a tomada de decisões", ressaltou a líder da sigla. Zerbini compartilha do pensamento das colegas. "Eu estou aqui no meu quarto mandato, nunca existiu uma postura de fechamento de posição, houve sempre muita discussão e entendimento que, na maioria das vezes, levou o partido a votar junto", enfatizou o deputado. Atuação Analice disse se articular com os pares tanto na posição de líder do partido quanto como deputada. "Conheço os deputados e suas aspirações. Consigo identificar quando um projeto é de interesse de um ou de outro deputado, e busco aliados para fortalecer as causas que defendo. O Parlamento é a casa das maiorias, você precisa buscar aliados para que seu projeto ou a pauta que você defende seja apreciada", ponderou. "Há pautas que jamais devem nos dividir. As visões ideológicas, filosóficas, políticas podem até fazê-lo, mas jamais as pautas que versam sobre a promoção e garantia da dignidade humana", complementou Damaris. Apesar dos pontos em comum relacionados ao partido, os parlamentares priorizam diferentes segmentos. Zerbini é efetivo em quatro comissões permanentes e atua em pautas sociais, principalmente na área de habitação popular. "Essa foi a minha bandeira, inclusive foi o que me fez entrar na política, fazer a discussão de políticas públicas de habitação popular, construir leis, projetos, como, por exemplo, foi uma conquista nossa, ainda com o governador Mário Covas, a criação de um programa no Estado chamado Prolurb (Programa Lote Social Urbanizado)", contou. Para ele, projetos importantes para o Estado foram aprovados nos últimos anos, como as reformas administrativa e previdenciária. "Embora alguns tenham causado muito desgaste, eram temas que precisavam ser votados, porque se não o Estado quebraria", analisou. Analice defende principalmente pautas que tratam dos direitos e combate à violência contra a mulher; dos direitos das minorias; da educação pública; e da saúde, com atenção especial à enfermagem, que é sua área de formação. Ela é favorável ao piso salarial e à carga horária de 30 horas para a categoria. "Apesar da rede estadual ter oficializado há muitos anos a jornada de 30 horas semanais para a enfermagem, as unidades de saúde particulares, filantrópicas e muitos municípios praticam a carga horária muito maior", afirmou. A parlamentar também é integrante da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que foi criada na Alesp para investigar ações e omissões no combate à violência contra mulher. Já Dra. Damaris Moura é presidente da Comissão de Defesa e dos Direitos das Mulheres, e efetiva em outras três. Ela também é procuradora-adjunta da Procuradoria Especial da Mulher e coordenadora das frentes parlamentares da Advocacia; de Combate ao Abuso e Violência Domésticos; e pela Liberdade Religiosa. As duas últimas contemplam temas que são as principais bandeiras do mandato dela. Damaris foi relatora da Lei de Diretrizes Orçamentárias por dois anos consecutivos (2020-2021) e propôs, dentre outras normas, a Lei Estadual de Liberdade Religiosa (17.346/21); e a lei que criou o "Dia da Campanha Quebrando o Silêncio", a fim de orientar as vítimas de violência doméstica sobre a denúncia das agressões (17.186/19). A parlamentar acredita que propostas de segurança pública, proteção social e saúde são essenciais, mas entende ser fundamental que, no momento, projetos sobre segurança entrem em pauta, já que a Alesp tem "avançado com os de proteção social". Presidência O atual presidente da Casa é o deputado Carlão Pignatari. Ele está no terceiro mandato como deputado estadual e atua especialmente em pautas sociais, de educação, saúde e transportes. Antes de assumir a presidência, Pignatari foi líder do governo no Parlamento por dois anos. Sob a sua presidência, os parlamentares paulistas aprovaram cerca de 50 proposições -entre projetos de lei ordinárias e complementares, de resolução, de decreto legislativo, e de emenda à Constituição- de autoria parlamentar e do governo em 71 sessões extraordinárias. Dentre as propostas, estão projetos de auxílio à população, como o Bolsa do Povo; a criação das regiões metropolitanas de São José do Rio Preto e Piracicaba; e a isenção de ICMS para medicamentos e equipamentos destinados às clínicas de hemodiálise que atendem pelo SUS, às entidades beneficentes, e às fundações privadas que prestam apoio aos hospitais públicos. Quando completou 100 dias na presidência, em junho, o parlamentar também anunciou a economia de aproximadamente R$ 20 milhões pela Assembleia, e registrou a maior doação já feita ao Fundo Social de Solidariedade do Estado com a distribuição de 150 mil cestas básicas. O quadro de parlamentares do PSDB na Alesp é composto ainda pelas deputadas Carla Morando, Maria Lúcia Amary e Patricia Bezerra, e pelos deputados Cezar e Mauro Bragato.