Se Paulo Freire estivesse vivo neste 7 de setembro, teria protestado com dois cartazes, um com os dizeres "Fora Bolsonaro" e outro com "Abaixo a BNCC". A suposição foi feita pela pedagoga Lisete Arelaro, que, em 6/9, protagonizou a segunda live realizada pelos parlamentares do PSOL Carlos Giannazi (deputado estadual) e Celso Giannazi (vereador da capital) para comemorar o centenário de nascimento de Paulo Freire, que se dará em19/9. Para a professora sênior da USP, a Base Nacional Comum Curricular está cheia de incoerências científicas que são vistas já na educação infantil, onde se propõe a mistura de duas teorias inconciliáveis: a Pedagogia das Competências e o Campo de Experiências. Lisete considera o Campo de Experiências - "uma das propostas mais avançadas do ponto de vista acadêmico" - muito mais afinado à pedagogia freiriana. Sobre a Pedagogia das Competências, garantiu que "é uma bobagem esperar que cada conteúdo possa, de fato, gerar habilidades". "O risco que nós corremos é o de uma unificação curricular, e tudo indica que caminhamos rapidamente para isso", alertou, destacando que 500 municípios paulistas já aderiram à proposta do secretário Rossieli Soares e se comprometeram a adotar o currículo estadual. A pesquisadora também vê na Resolução 2/19, que alterou a formação inicial dos professores de educação básica, um mau indicador para a pedagogia no Brasil. "Esperam que os professores sejam meros reprodutores das apostilas, sem formação teórica para discutir os fundamentos do que lhes é mandado fazer", lamentou.