Para celebrar os 202 anos da Independência do Brasil, a Rede Alesp apresentou, neste sábado (7), uma programação especial com a cobertura completa e transmissão, ao vivo, do tradicional desfile de 7 de setembro, realizado no Sambódromo do Anhembi, na Capital.

A programação, das 8h às 12h, contou informações extras trazidas pela equipe de repórteres em links no local do evento e a presença de convidados no estúdio. Entre eles, o capitão Roberto Miralles Brites, adjunto da Seção de Comunicação Social do Comando Militar do Sudeste, e Igor Golinelli, professor de História e mestre em Educação.

Para oferecer um conteúdo ainda mais completo, a Rede Alesp também levou ao ar o "Documenta SP" sobre as "Mulheres da Independência do Brasil", além de outros materiais jornalísticos que abrangem diversos pontos de vista desse importante momento da história nacional.

No Anhembi, o desfile, gratuito e aberto ao público, contou com a participação da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, das forças de segurança estadual e municipal e entidades civis.

Marcaram presença, como de costume, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o prefeito da cidade, Ricardo Nunes, oficiais generais das Forças Armadas, parlamentares da Assembleia Legislativa de São Paulo e demais autoridades públicas estaduais, além do presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Fernando Antônio Torres Garcia.

"Dia de celebrar os 202 anos da proclamação da independência do Brasil. De lembrar e exaltar aqueles que tanto fizeram pela autonomia de nosso território, que nos transmitiram o orgulho em carregar o verde e amarelo no peito e nos ensinaram a honrar e respeitar nossa bandeira, nosso hino e símbolos da nossa pátria", disse o governador, nas redes sociais.

Tarcísio de Freitas também lamentou a morte do subtenente Paulino Cristovam da Silva, de 52 anos, do Regimento de Cavalaria da Polícia Militar. Ele sofreu um acidente, a cavalo, enquanto se dirigia para o desfile. O militar foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

"De seus 52 anos de vida, 32 foram dedicados à carreira militar. Na data de hoje (7) ele havia sido promovido e logo passaria à inatividade. Não há palavras para descrever tamanha tristeza que sentimos", lamentou o deputado Capitão Telhada (PP).

Assista, na íntegra, a cobertura especial da Rede Alesp para o desfile de 7 de Setembro:

Consolidação

Antes mesmo do grito de D. Pedro I às margens do riacho Ipiranga, que transformou o Brasil em uma nação independente em 7 de setembro de 1822, o Estado de São Paulo já desempenhava um papel importante para o desenvolvimento da então colônia que ganhava autonomia.

Após a proclamação da Independência, as autoridades e população paulistas foram fundamentais para a consolidação do novo regime e do desenvolvimento da sociedade. Hoje não é diferente e a Assembleia Legislativa de São Paulo é uma das bases da solidificação do país.

Historiador e doutor em História Social pela USP, Paulo César Garcez detalha a participação de São Paulo em todo o processo. "As elites da capitania de São Paulo têm uma presença muito marcante no processo de Independência, especialmente por alguns personagens que residiam na Corte naquele momento, na cidade do Rio de Janeiro. Eram elas José Bonifácio de Andrada e Silva e seus dois irmãos, além do deputado paulista Diogo Antônio Feijó, conhecido como Regente Feijó. Todos representavam um segmento político importante e próximo do imperador", conta Garcez.

O professor aponta que esses personagens desempenhavam papéis políticos importantes na antiga Corte e no pós-independência, assim como o senador Vergueiro, que também era ligado a São Paulo.

"A capitania também tinha bastante peso econômico no final do século 18 e começo do 19 por conta da prosperidade dos engenhos de açúcar no quadrilátero formado pelos municípios de Jundiaí, Itu, Mogi Mirim e Campinas", acrescenta.

Logo após a proclamação da Independência, São Paulo desempenhou um papel importante na consolidação da mudança porque várias das Câmaras Municipais pelo Interior enviaram correspondências ao Rio de Janeiro - então, centro do poder - confirmando a sua adesão ao novo processo.

"Ou seja, não apenas os políticos de maior projeção da Corte vindos daqui eram significativos, como a própria população paulista. Todos demonstraram manifestações de apoio ao novo país independente. Assim como tantas outras capitanias pelo Brasil, São Paulo também deu respaldo à ruptura política com Portugal", afirma Garcez.

Estabilidade

Após a Independência, São Paulo passou a ser protagonista para a estabilidade do regime imperial, não apenas pela ação de suas lideranças, mas também por ser um celeiro de futuras autoridades. Em 11 de agosto de 1827 foi inaugurada, na cidade de São Paulo, a Faculdade de Direito da USP - Universidade de São Paulo.

O imperador havia determinado que fossem criados cursos jurídicos, tanto em São Paulo quanto em Olinda, este transferido para Recife posteriormente, para a formação de líderes e gestores da nova sociedade brasileira.

A partir de 1827, a Capital paulista começa a desempenhar um papel importante como local de formação das elites políticas do Império. Os alunos formados vão ocupar inúmeros cargos, como os de presidentes de província, deputados, senadores, juízes e desembargadores.

"Isso vai fazer com que São Paulo não seja apenas um espaço de formação, como também de articulação e criação de laços entre as sucessivas gerações de novos formandos em Direito que vão passar a desempenhar suas funções profissionais e papéis políticos no Brasil", explica Garcez.

Café

O início do plantio em larga escala do café, o "ouro verde", iria enriquecer rapidamente as elites agrárias nas regiões do Vale do Paraíba, Campinas e Itu. Isso reforçaria ainda mais o peso político paulista.

"No próprio caminho percorrido pelo imperador naquele ano, passando pelo local onde a Independência foi proclamada, D. Pedro I já vinha coletando apoio entre os fazendeiros de café", lembra o professor.

Globalizado

Garcez finaliza apontando que, ainda hoje, São Paulo tem papel fundamental na autonomia nacional diante do cenário internacional globalizado. "São Paulo é o estado mais rico do país e também imensamente populoso, com mais de 40 milhões de habitantes, e centro industrial fundamental. Também é responsável pela maior produção científica, além de ser a sede do sistema financeiro brasileiro. Então, 202 anos depois da Independência, São Paulo mantém um papel de extremo destaque na política e economia nacional", completa o professor.

Confira a programação da Rede Alesp:

PROGRAMA - Especial 7 de Setembro - AO VIVO

Horário: 8h30 às 12h00

- 8h30 às 9h00: pré-desfile com convidados no estúdio

- 9h00 às 12h00: transmissão do desfile + links reportagem + participações dos convidados

Convidados no estúdio:

Capitão Roberto Miralles Brites, adjunto da Seção de Comunicação Social do Comando Militar Sudeste

Igor Golinelli, professor de História com mestrado em Educação.

Apresentação: Priscila Silvério

Reportagem no sambódromo: Arthur Neves

Documenta SP especial - "MULHERES DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL"