"O importante é ter saúde, o resto a gente corre atrás". Este ditado popular expressa duas realidades: um lado, a importância primordial que o cidadão brasileiro dá à saúde, compreendida como base para a vida da sua família e comunidade e, por outro lado, o fato do serviço de saúde estar entre as principais preocupações do brasileiro.

Apesar do enorme avanço enquanto política pública, o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda apresenta muitos desafios para enfrentar a realidade sanitária do Brasil.

A questão importante que se impõe para o debate é o tema da gestão do sistema de saúde, cuja centralidade na regulação da atenção de média e alta complexidade se traduz na longa espera por um leito hospitalar, por uma cirurgia ou por um exame especializado. Nessa perspectiva, a fila do Cross é um drama vivido por milhares de paulistas.

O Sistema CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde), criado em 2010 para organizar essas demandas, tornou-se um dos principais termômetros das dificuldades do SUS no Estado de São Paulo.

Para enfrentar esses gargalos, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) instalou em abril de 2023 a Frente Parlamentar do Sistema Cross/SUS.

A iniciativa nasceu com o apoio de 43 parlamentares e rapidamente ganhou relevância, articulando prefeitos, secretários de saúde, profissionais do SUS, usuários e movimentos sociais.

O caminho e o desafio constituíam a necessidade de unir as forças "téchne da saúde coletivado" (saber sanitarista e as suas práticas aplicadas) e a autoridade da política (Compromisso ético-político, aposta no direito à saúde e a garantia da democracia).

Notavelmente, essa parceria, da política militante e a prática social sanitarista, tem resultado em Projetos de Lei estratégicos:

- O PL 373/2025 determina que o Governo do Estado envie mensalmente ao Ministério Público a lista de pacientes em espera no Cross, ampliando a transparência e o controle social;

- O PL 414/2025 cria uma lista prioritária para pacientes em estado gravíssimo, garantindo resposta mais rápida a quem mais precisa.

Mas ainda faltava um elo nesta parceria: ouvir a população. Deste modo, a Frente Parlamentar tem percorrido várias regiões do estado e realizando audiências públicas. Houve debates em São Paulo (Alesp),Campinas, Santa Bárbara d?Oeste, Hortolândia, Piracicaba, Registro, Conchal e Cordeirópolis. E, em breve, nos reuniremos em Araçatuba, no Pontal do Paranapanema e no Vale do Paraíba.

Nesses eventos, gestores, trabalhadoras e trabalhadores da saúde, conselheiros municipais e usuários puderam relatar suas experiências e sugerir soluções. Os relatos do sofrimento e da longa espera por um exame ou um procedimento hospitalar têm dado vida e impulsionado as ações da frente. As demandas pela regionalização e pela transparência do Sistema Cross no Estado de São Paulo têm sido as constantes desse debate.

A atuação da Frente trouxe avanços concretos: deu visibilidade política ao tema, fortaleceu o controle social, produziu projetos de lei relevantes e consolidou uma rede estadual de diálogo sobre o Cross.

Assim, a frente parlamentar tem se constituído em um espaço de produzir a defesa do SUS no encontro com a população, transformando diagnósticos e relatos de sofrimento em propostas concretas para melhorar o nosso sistema de saúde do estado.

O trabalho da Frente Parlamentar do Cross demonstra que é possível construir políticas públicas com participação social, base científica e compromisso político. Todos os caminhos trilhados até agora apontam para um SUS mais transparente, justo e próximo das necessidades reais da população.