Militante histórico da resistência à ditadura militar e um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-deputado estadual Paulo Frateschi foi velado nesta sexta-feira (7) na Assembleia Legislativa de São Paulo. Na Casa, exerceu mandato durante a 10ª Legislatura (1983-1987), no auge da luta pela redemocratização do país. Professor e sindicalista, Frateschi dedicou sua atuação parlamentar às pautas sociais e educacionais. Ele morreu na última quinta-feira (6) aos 75 anos.

Em entrevista à imprensa no velório, Yara, filha mais velha do ex-parlamentar, disse que o pai foi "um guerreiro que passou a vida lutando por esse país", e recordou que ele chegou a ser preso e torturado pela ditadura por conta dessa militância. Ela destacou que Frateschi merece ser lembrado com respeito pela trajetória dedicada à construção de uma sociedade democrática. "Ele ajudou a construir a democracia da qual usufruímos hoje", pontuou. Yara também disse que o pai havia se aposentado recentemente, por entender que era hora de dar espaço aos mais jovens na consolidação da democracia.

Homenagens póstumas

Durante o velório, lideranças do PT, deputados em mandato e ex-parlamentares, além de amigos e admiradores, lamentaram a morte de Paulo Frateschi e salientaram seu legado na defesa da democracia, da educação e da justiça social. Figuras políticas como José Dirceu enalteceram a lealdade de Frateschi, descrevendo-o como um homem alegre e pai dedicado. "Sempre foi um dos dirigentes do PT mais próximos do presidente Lula, não só do ponto de vista político, mas de amizade pessoal e absoluta confiança", ressaltou Dirceu.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, manifestou admiração por Frateschi, que foi secretário municipal no período em que Haddad chefiou a Prefeitura de São Paulo. Ele ressaltou a atuação de Frateschi como um militante exemplar em defesa do que considerava justo. Desde sua chegada ao ministério, disse que vinha mantendo contato indireto com Frateschi e que sempre recebia notícias do "engajamento e da disponibilidade dele pelas boas e grandes causas".

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, disse que o correligionário dedicou a vida à transformação social do país e destacou que, apesar da dor da perda, a memória de Frateschi serve de inspiração para seguir lutando por "um Brasil mais justo, humano e igualitário".

Já o líder do partido na Alesp, deputado Donato (PT), lembrou que, mesmo após dramas pessoais - como a perda de dois filhos em acidente de carro -, Frateschi sempre manteve uma postura resiliente, repleta de bom humor e companheirismo.

O escritor Fernando Morais, colega de legislatura na Alesp, definiu Frateschi como um homem preparado e respeitoso e afirmou que, como oposicionista, atuava promovendo o diálogo construtivo na política. "Sabia fazer oposição no nível mais alto possível", declarou.

O ex-deputado federal, José Genoíno, destacou a generosidade e a amizade de Frateschi, que sempre esteve presente na história do PT e na luta política, especialmente em tempos de ditadura, antes mesmo da fundação do partido.

O deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) prestou homenagem a Frateschi, ao recordar a amizade que mantiveram nos anos 1980, durante a fundação do PT. Ele realçou o papel fundamental de Frateschi na defesa dos direitos humanos e na luta democrática.

Após o encerramento do velório, por volta das 14h, o corpo de Paulo Frateschi foi levado ao sepultamento no Cemitério Memorial Parque Jaraguá, na zona norte de São Paulo.