O lançamento do livro "A história comprovada: fatos reais e as dores da escravização araraquarense" marcou um ato solene realizado nesta quinta-feira (30), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A pedido da deputada Márcia Lia (PT), o evento contou com a participação de pesquisadores, advogados da Comissão de Combate à Discriminação Racial da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), outros parlamentares e muita música. O evento reforçou o posicionamento de todos os envolvidos contra o racismo e o apagamento da história do povo negro no Brasil. 500 páginas A obra lançada na Casa conta, através de 500 páginas, como a escravidão se deu especificamente no município de Araraquara. Os registros de compra e venda de seres humanos no Interior Paulista estão reunidos em um compilado de documentos digitalizados, cujas mídias físicas não foram queimadas após a abolição da escravidão, em 1888. Tudo está catalogado nos cartórios locais até hoje. Marcando presença no evento, a deputada Thainara Faria (PT) comentou sobre os conteúdos compilados e os horrores expostos: "O livro tem registro de compra e venda de pessoas de 5 anos de idade, de divisão de pessoas", lamentou. A parlamentar ressaltou a necessidade de recontar acontecimentos passados para orientar as ações no presente e no futuro: "Um país sem memória não tem pra onde ir, então, é importante a gente jogar luz a essa história", disse ela. Visibilidade Já a deputada Márcia fez questão de reforçar a importância do ato realizado no Parlamento. "Hoje ainda é dia 30 de novembro. É um mês que a gente dispõe toda a visibilidade na nossa luta, no combate ao racismo, que ainda é algo muito grave na nossa sociedade", comentou. Para celebrar o encontro, a Orquestra Família Afroson, uma oficina cultural municipal, animou os participantes com uma abertura cheia de canções e batuques. O deputado Eduardo Suplicy (PT), que também prestigiou a atividade, comentou sobre o lançamento do material e sua forte relação com o Legislativo: "É preciso que estejamos atentos à nossa história, para saber quais são aqueles instrumentos de política econômica e social que podem reverter tudo aquilo que foi deixado por mais de três séculos de escravidão", afirmou.